09 dezembro 2006

Crítica dos filmes de Cassavetes

-Uma mulher sob influência (A woman under the influence-1974)

Que efeito sofreria o contexto de um filme se fosse utilizado parentes do próprio diretor para viverem personagens comuns da vida real: mãe, sogra e esposa? A resposta pode possivelmente ser respondida ao assistir filmes de Cassavetes como "Assim falou o amor" e este aqui "Uma mulher sob influência".

Gena Rowlands esposa do diretor Cassavetes na vida real interpreta a dona de casa Mabel, que sofre de distúrbios psiquiátricos. O modo pela qual Rowlands compõe sua personagem é tão autentico que a impressão é que estamos assistindo um conflito cotidiano de uma família a beira de um colapso. (Peter Falk) interpreta o marido de Mabel, Nick, que trabalha num estaleiro, o típico trabalhador braçal, com amigos e olhos vesgos. Todo conflito familiar está na relação e a influência que o marido tem sobre Mabel. A unidade familiar tentando ser mantida mesmo que tudo o que está sendo mostrado para o espectador é um desastre eminente.

Não faltam no filme, cenas típicas do cinema de Cassavetes em que o elenco interpreta não só improvisando diante de um contexto pré-estabelecido, mas, com os poros. Na cena em que Mabel está prestes a ser internada (Katherine Cassavetes) sogra na vida real e no filme de Rowlands, retruca para o psiquiatra em defesa da decisão do filho, levem essa mulher daqui, ela é louca. A histeria da voz e a insustentabilidade é tão real que é impossível não indentificarmos algo familiar da típica sogra que ao mesmo tempo que sente pena da nora quer arranjar alguma solução para mudança da situação. A cena é contraposta com outra onde os sentimentos de Mabel que assim que retorna da clínica fala para o pai: me defenda. (Lady Rowlands), mãe da protagonista no filme e na vida real, tem reações típicas de uma mãe que vê os problemas da filha e não pode alterar nada. Tudo é dito apenas com um olhar de comoção.

Aliás, o filme não é nada simples, as emoções que esse desperta são complexos e pouco comuns. A trilha sonora é bem pontuada e reflete um clima triste e depressivo, a narrativa absorve naturalmente deixando um clima tenso quase insustentável. Mabel retruca quase no final algo tipo: desse jeito vão achar que eu sou realmente louca. Será que a influência que o personagem Nick tem nas reações de Mabel são as mesmas buscadas pelo diretor Cassavetes para com Gena Rowlands (despir as reações de sua esposa para sua câmera)? A finalização fechando as cortinas do teatro armado, também para o espectador como voyer, mostra o quanto o cinema pode brincar com o real e o imaginário. Verdadeira Obra prima, este filme está entre os melhores de Cassavetes e entrou na minha lista de preferidos.


-Sombras (Shadows, 1959)

Este filme de Cassavetes tem uma grande importância histórica. Além de ter sido o primeiro do diretor, esse cultuado filme apresentou pela primeira vez o esboço do que caracterizaria a sua filmografia. O improviso informal de cenas cotidianas realizadas por um grupo de atores. Com um orçamento modesto e um certo amadorismo o filme desagrada em alguns aspectos: não possui, por exemplo, a unidade e perspectiva para seus personagens,os cortes são bruscos e há momentos de estrema lentidão. Mas alguma coisa acontece de absorvente quando nos deparamos com essas imagens. A experiência é toda underground, improvisado como a trilha sonora do filme composta por jazz. A película tem semi-histórias com grupos de pessoas boêmias se encontrando em bares, festas, inferninhos e tecem relações onde a base é o diálogo. Todos os atores interpretam com os seus nomes e apelidos reais, talvez, garantindo, assim, a autenticidade das atuações e a proposta primária do diretor em manter tudo próximo do real. Há pelo menos uma história central acontecendo: a relação da personagem Lélia (Lelia Goldoni) e Tony (Anthony Ray)e o conflito racial, tema utilizado nos primeiros filmes do diretor. Lembrando que nesse período havia a segregação racial nos Estados Unidos. Há uma cena emotiva quando Lélia perde a virgindade. Mas o tema não difere muito dos filmes para adolescentes dos dias atuais. A profundidade dos sentimentos garantidos pelo método de interpretação é que faz o filme fugir do que seria um clichê ou lugar comum. A finalização brusca é seguida por uma explicação posterior ao estilo Orson welles- "O filme que viram foi uma improvisação".

-Faces- 1968

Para muitos críticos este filme é o início da trilogia do casamento que Cassavetes construiu. Os outros dois são: "Assim falou o amor" e "Uma mulher sob influência". Aqui não encontramos o começo ou o meio da relação de um casal, mas o fim, através da discussão de temas sérios como o divórcio, o tédio e a insatisfação no casamento. O método de Cassavetes aqui está plenamente definido, por vezes é de uma crueza ímpar. E o filme apresenta problemas técnicos que devem ser reavaliados de acordo com a estrutura que é passada ao espectador. Talvez seja o filme dele que mais pode ser analisado sob os aspectos interpretativos de estilo. Numa cena vemos um casal virando cada um para o lado mostrando a crise que já se instalou nesse lar, para em outro plano aparecer o marido pedindo o divórcio. As personagens entediadas e vazias não podem ser comparadas com personagens de filmes como "A noite", pois estas são vistas de forma semi-documental. Aqui, encontra-se um filme sobre a falta de sentido da vida e a estagnação do casamento na meia-idade. Mas o diretor Cssavetes consegue imagens muito bonitas, está entre os melhores filmes do diretor e entrou na minha lista de preferidos.

-Assim falou o amor (Minnie and Moskowitz-1971)

Filme no mesmo nível de "Uma mulher sob influência", sendo que neste aqui a tonalidade sombria e melancólica do casamento conturbado das outras obras do autor, é substituído pela paixão das primeiras relações conjugais. Minnie (Gena Rowlands) é uma linda e solitária mulher que tem forte influência sobre os homens porem sempre atrai os caras errados. Até que aparece um manobrista na sua vida, Moskowitz, que pode transformar a vida dela. Cassavetes criou uma das suas melhores obras. O filme é fluente, a narrativa absorve, mas aqui nada é deprecivo, Cassavetes mostra as possibilidades de mudança através das relações. Os diálogos são cômicos e muito bem construídos e há sempre alguma ação acontecendo nesta comédia inteligente. Tem também a seu favor, as ótimas interpretações do elenco no melhor estilo Cassavetes.

02 dezembro 2006

O CCBB apresenta o ciclo: faces de John Cassavetes

John Cassavetes foi um dos ícones do cinema independente americano, enfocou o registro do cotidiano, o mundo da pessoas mais comuns, compôs tipos realistas que representavam todas as dores do cidadão americano. Suas obras foram realizados segundo princípios quase artesanais: orçamento reduzido, produção independente, a mesma equipe de técnicos e atores. Seus filmes são viscerais e radicais entre essas produções, podemos agora conferir entre o período de 05 à 17 de dezembro no Centro Cultural Banco do Brasil:

Sombras (Shadows-1959)
A canção da esperança (Too late blues-1962)
Os maridos (Husbands-1970)
Assim falou o amor (Minnie and Moskowitz-1971)
Minha esperança é você (A child is waiting-1963)
Uma mulher sob influência (A woman under the influence-1974)
A morte de um Bookmaker Chinês (The Killing of a Chinese Bookie-1976)
Glória (Gloria-1980)
Faces (Faces-1968)
Noite de estréia (Opening night-1977)
Um grande problema (Big Trouble-1985)
Amantes (Love streams-1984)
A constant forge (DOCUMENTÁRIO LONGA METRAGEM)

18 novembro 2006

Crítica do filme: herói



Herói (Ying Xiong, 2002) Direção- Yimou Zhang/ Elenco-Donnie Yen; Jet Li
Nas palavras do Diretor/Produtor Yimou Zhang, ele fez um filme diferente de tudo o que já foi visto. Mas para quem é atento logo se percebe de cara inspiração dessa produção em filmes como "Matrix" e "O tigre e o dragão". As idéias visuais desses filmes estão presentes em Herói. O enredo narra através de flash backs a história de Qin soberano da china ancestral que é ameaçado constantemente por seus inimigos políticos. Essa trama inspirada nos filmes orientais de lutas é só um pretesto para fornecer ao espectador um banquete de cenas estilizadas com grande primor técnico. Tudo tem um motivo simbólico, seja na utilização das cores ou nos efeitos visuais. O delírio visual e a pretenção do diretor em cada cena é tão bom quanto um problema. A questão é que a beleza de cada imagem acaba anulando a unidade do filme e a pretenção do diretor fica quase na superfície. Ficamos com as cenas na cabeça mas não o filme como um todo. A idéia do filme que um herói deve sacrificar a vida pela pátria cai num clichê de filme épico ou de batalha que decepciona. O roteiro é estranhamente compacto para um épico, dando leveza ao assistir, contudo o filme não fornece possibilidades de reflexão, boa parte do seu magnetismo está nas soberbas cenas de lutas com destaque a uma belíssima num lago, onde os atores literalmente voam e um ataque de flechas numa aldeia. Tudo pode parecer artificial, mas aqui a artificialidade é assumidamente estética.

12 novembro 2006

O CCBB apresenta o ciclo- Dançando e cantando no escuro

Entre a programação cultural deste mês de novembro no CCBB está o ciclo dedicado aos filmes musicais. Coincidentemente este blog havia fornecido 7 indicações dos musicais mais influentes entre os anos 30 até os anos 60. Muitos desses agora podem ser vistos na tela grande no Centro Cultural Banco do Brasil. Entre os títulos da mostra encontram-se:

Primavera/ Maytime- 1937
Copacabana- 1947
Os reis do iê iê iê/ A hard days night- 1964
Dá-me um beijo/ kiss me Kate- 1953
Os Guarda-chuvas do amor/ Les parapluies de Cherbourg- 1964
Amor sublime amor/ West side story- 1961
El dia que me quieras- 1935
Pink Floyd- The wall- 1982
La violetera- 1958
Moulin Rouge- amor em vermelho- 2001
Sinfonia de Paris/An american in Paris- 1951
Momento de decisão/ The turning point- 1977
Tango- 1998
O Picolino/ Top hat- 1935
Cantando na chuva/ Singing in the rain- 1951
Dançando no escuro/ Dancer in the dark- 2000
A roda da fortuna/ The band wagon- 1953
Chicago- 2002
Fama/ Fame- 1980
O melhor de Busby Berkeley/ Busby Berkeley- coletânea

21 outubro 2006

Esses fabulosos musicais


O que é um filme musical? O básico deste gênero de filme é integrar os números de canto e dança à narrativa, tendência quebrada pelo Diretor Bob Fosse, no começo dos anos 70, onde os números interrompiam a realidade apenas para comentar a história. Ou seja, os atores não saíam cantarolando numa espécie de vida operística, mas sim, as cenas eram divididas num palco, como em "Cabaré" e o "Show deve continuar", por exemplo.

O filme musical surgiu com o cinema falado, o filme "O cantor de Jazz" pode ser considerado o pioneiro do gênero. Se bem que não possa ser considerado inteiramente como um musical propriamente dito.

Não se pode falar em musicais sem comentar sobre nomes como: Arthur Freed (produtor e compositor); Vincent Minelli (Diretor); Bob Fosse (Diretor, Coreógrafo e dançarino); Stanley Doney (Diretor) ;Robert Wise (Diretor); Fred Astaire (Ator, cantor e dançarino); Gene Kelly (Diretor, Ator, Cantor e Dançarino); Judy Garland (Atriz, Cantora e dançarina); Ginger Rogers (Atriz, dançarina); Cyd Charisse (Atriz e dançarina); Leslie Caron (atriz e dançarina); Julie Andrews (Atriz, cantora e dançarina); Leonard Berstein (músico, compositor); Irvin Berlin (Compositor); George & Ira Gershwin (compositores músico e letrista), Cole Porter (Compositor); isto só para falar dos nomes mais conhecidos entre inúmeros profissionais que se dedicaram a produção dessa arte escapista.

Aqui seguem algumas indicações com o melhor do musical feito entre os anos 30 até 60:

O Picolino (Top Hat, 1935)-Mark Sandrich

A comédia de costumes em preto e branco com coreografia de Hermes Pan, talvez seja um dos filmes musicais mais elegantes já feitos. Tem um Fred Astaire procurando provar seu amor A Ginger Rogers, em cenários em Art decór com a música maravilhosa de Irvin Berlin. O número músical com a canção "Cheek to Cheek" é verdadeiramente uma das maiores cenas da história do cinema, música, coreografia e figurino de extrema leveza. O casal parece flutuar. A seqüência rivaliza com a "Sing in the rain" de Gene kelly. A cena foi utizada no filme "A rosa púrpura do cairo" de Wood Allen. Memorável.

O Mágico de Oz (The wizard of Oz, 1939)- Victor Fleming

Esse espetáculo baseado no romance de L. Frank Baum é um clássico eterno que ainda encanta várias gerações. Cada reprise do filme justifica porque ele foi eleito como um dos melhores filmes americanos de todos os tempos. Judy Garland aos 16 anos, ganhou um Oscar em miniatura, canta e encanta principalmente na canção "Over the Rainbown" uma das maiores canções da história do cinema. Colorido magistralmente o filme permanece ainda em todos os corações de quem o assistiu. Magestoso.

A Canção da vitória (Yankee doodle dandy, 1942)- Michael Curtiz

Essa biografia romantizada a princípio pode parecer apenas uma propaganda patriótica dos valores familiares americanos. James Cagney talvez seja a chave desse filme, sua atuação com um roteiro manipulativo, mas delicioso, absorve o espectador do começo ao fim. É daquele tipo de filme que transcede o espetáculo e se torna um meio de propaganda política. Familiar.

Sinfonia de Paris (An American in Paris, 1951)- Vincent Minelli

Um dos grandes clássicos do musical americano e um dos maiores musicais de todos os tempos, ganhou o Oscar de melhor filme do ano, há no início o lirísmo de Gene Kelly em números pela bela Paris em cenários de estúdio com cores bem utilizadas.O tratamento das cores deste musical é uma das melhores tudo ao som das músicas maravilhosas dos Gershiwn, muito bem coreografadas. Excelente balé final inspirado em pinturas francesas. Mágico.

Cantando na chuva (Singin' in the rain, 1952)- Genne Kely; Stanley Doney

Para muitos um dos maiores filmes de todos os tempos. Pelo menos um dos musicais mais divertidos. Roteiro impecável, canções primorosas e pelo menos uma cena para ficar na antologia cinematográfica, "sing in the rain". Antológico.

A roda da fortuna (The band Wagon, 1953)- Vincent Minelli

Um dos poucos musicais (obra-prima)que conseguem rivalizar em termos de qualidade com "Cantando na chuva", apesar de não possuir um roteiro original a qualidade dos números musicais é que fazem esse filme. Para muitos o melhor filme do Diretor Vicent Minelli. Algumas cenas hilárias, música primorosa, grande interpretação de Astaire e Charise, principalmente em "Dancin in the dark" e no balé final um dos melhores e originais da história do cinema. Soberbo.

Amor, sublime amor (West side Story, 1961)- Jerome Robbins

Um dos maiores filmes de todos os tempos e um dos últimos grandes musicais da história do cinema. Histórico, ganhou 10 Oscars, apresenta um romance proibido nas ruas de Nova York. Partitura e coreografia explosiva. Qualidade de direção e um dos musicais mais cinéticos já feitos. Absoluto.

16 setembro 2006

Três filmes românticos para a primavera

Fiquei um tempo para atualizar meu blog e na inspiração de setembro, com o início da primavera, segue comentário de três grandes filmes românticos altamente recomendados para todos os apaixonados de plantão.




Antes do pôr do sol (before sunset, 2004)

As vezes um filme com muitos diálogos pode ser uma tortura para aqueles que gostam de uma boa ação. Este filme dirigido por Richard Linklater retoma a história do casal que se conhece por acaso em um trem para Budapeste e agora se reencontram após nove anos em Paris. Jesse (Ethal Hawke)está promovendo seu livro em Paris e Celine (Julie Delpy) trabalha como ambientalista. O reencontro é tão frio entre os dois que mal parece que estiveram um dia apaixonados. Tagarelam incesantemente como dois papagaios enquanto passeiam por belas paisagens da bela Paris. Os diálogos apesar de serem enfadonhos no começo, com um pouco de paciência do espectador, inicia um processo vigoroso de realismo. De repente o que se começa a perceber é que ambos estam desdenhando o que viveram no passado e que ainda é possível que dêem uma nova chance para o acaso que voltou a uní-los. Não há uma cena se quer de alto valor romântico, a química está na conversa, os dois possuem muitas afinidades, e a alma das personagens começam a se despir frente a câmera. O final ao som de Nina Simone (Just in time) é sublime. Belíssimo.

Romeu e julieta (Romeo and Juliet, 1968)

Versão definitiva da obra de Shakespeare, traz Olivia Hussey (Julieta) e Leonard Whitting (Romeo) nos papeis principais dos dois amantes de Verona. A direção de Franco Zefirelli é inspirada. Ele se concentrou nos aspectos técnicos dando a obra de Shakespeare um encanto arrebatador tudo ao som da antológica música de Nino Rota. Apaixonante.

Desencanto (Brief Encounter, 1945)

Esse filme dirigido pelo brilhante David Lean, antes dos seus grandes épicos, é um flash-back sobre a relação de duas pessoas casadas que se conheceram, se apaixonaram e não sabem o que farão de suas vidas após essa consumação interna. O filme é dirigido de forma tão simples, mas com uma direção de atores tão impecável que é impossível não se identificar e até nos sentirmos cúmplices desses dois amantes. Celia Johson e Trevor Howard estam maravilhosos em interpretações clássicas. O filme comove de maneira surpreendente e as emoções explodem como vimos poucas vezes na história do cinema. Um dos melhores filmes românticos de todos os tempos. Obrigatório.

01 agosto 2006

DVD: Filmes recomendados


Recentemente houve um verdadeiro boom de lançamentos interessantes que você já pode conferir na sua locadora, ou se tiver um maior interesse obte-los através de compras.

Alugando ou comprando, assistindo ou reassistindo um filme, sozinho ou na companhia da família ou de amigos é sempre prazeroso estar ligado na telinha se divertindo com as pérolas que são criadas para nós espectadores.

Fiz uma seleção de três filmes assistidos e recomendados, procurei ser eclético na seleção que se limita há apenas três fazendo um comentário a respeito do filme assistido, bem como uma argumentação relativa ao porque assisti-lo.


Então prepare a pipoca e confira:


[KING KONG (2005)]

Super espetáculo dirigido por Peter Jackson que assinou a trilogia (O Senhor dos Anéis). Esta refilmagem do clássico de 1933 fez com que Jackson procurasse reconstituir a época em que o primeiro filme foi feito e não se sai mal. A depressão econômica que os Estados Unidos enfrentava está lá, bem como a Indústria Cinematográfica de outrora. King Kong apresenta uma direção de arte (que concorreu ao Oscar), efeitos especiais, som e efeitos sonoros (ganhadores do Oscar) de primeira qualidade que estão presentes nesta requintada produção. Se bem que muitas pessoas acharam difícil de engolir essa fantasia de aventura totalmente assumida. Os exageros da Direção, no entanto, não comprometeram o resultado que é pura diversão. A história um pouco longa trata sobre um cineasta egocêntrico, cínico e megalomaníaco (Jack Black), este contrata uma jovem e linda atriz de teatro Valdeville (Naomi Watts)que está enfrentando problemas financeiros para estrelar seu novo filme numa locação em uma ilha perdida. Só que eles não esperam os perigos a serem enfrentados quando se deparam com uma tribo de nativos que promovem rituais venerando um gorila gigante. A princípio a história começa um pouco lenta para o gosto da maioria do público, o artifício é apresentar os personagens em questão e situar a época que o filme é tratado. Contudo, depois do desembarque da tripulação na ilha o filme toma a consistência apropriada de um maravilhoso filme de aventura. É claro que o roteiro tem alguns furos bem visíveis, tem gente que disse ter saído mais desgrenhado do cinema que Naomi Watts que foi sacolejada, jogada de um lado para o outro nas mãos do primata (lembra até show de contorcionismo) e saiu como se tivesse ido ao salão de beleza. Apesar de ferir a lógica, o lance do filme é curtir as sequências de ação para se divertir a valer. O diretor erra quando tenta fazer comédia tola, mas acerta quando assume a aventura em clima de matinê. A trilha sonora não ajuda nas cenas e neutraliza os efeitos delas. As vezes soa melodramática demais, as vezes ruidosa,(James Newton Howard)assumiu a trilha sonora do filme depois que Howard Shore deixou o projeto por diferenças com o Diretor. Essa problemática pode ter sido responsável pelo desastroso resultado final, pois a trilha nunca parece estar perfeitamente integrada ao filme (parece querer se descolar). As interpretações do elenco são irregulares, destaca-se Naomi Watts, com sua beleza anos trinta, Jack Black e Adrien Brody. Já o elenco de apoio é meio limitado. O filme é um grande entretenimento se for deixado de lado seus contras, e os prós são muitos. Agora o fato do Diretor ter colocado o cinismo de Jack Black no final, onde ele fala, o que matou o gorila foi a mulher é um caso para descabelar qualquer feminista.

O filme saiu em duas versões uma simples (horrenda para aqueles que querem saber mais sobre o filme) e uma edição especial em 2 DVD´s com vários materiais extras.

(nota do filme- 8)


[PERSONA]

Fascinante exercício de cinema de um dos mais importantes cineastas de todos os tempos. Nesse filme, Persona, Bergman nos fornece material dentro de outro. ou um filme dentro de outro, ou fragmentos. O corpo humano não é formado por esqueleto, músculo, pele...? Então, pode-se analisar esse filme de Bergman dessa maneira. Quando se completa mais da metade do filme, o diretor abandona o tema principal, de repente a película se queima e dentro dela surge imagens desconexas como se víssemos o que tem dentro do envoltório dessa película. A sua anatomia. Complicado? O cinema de Bergman não é nada fácil, e em Persona, o diretor, está no auge da sua fertilidade oferecendo uma obra ímpar. Um modo diferente de dar um tratamento artístico a narrativa. Possivelmente o melhor entre os melhores filmes já feitos. A história principal do filme é de duas mulheres uma enfermeira (Bibi Andersson) e outra uma atriz (Liv Ulmann) que após abandonar o poder da fala é entregue aos cuidados da enfermeira que tenta de tudo para fazer a paciente se comunicar. A originalidade dessa obra permanece até hoje em cada segundo de fotograma. Cenas memoráveis como um diálogo erótico de uma orgia na praia pela enfermeira. O jogo de sobreposições de imagens das duas atrizes muito parecidas, que possuem no filme uma ligação incomum. Esse filme pode ser visto inúmeras vezes e sempre terá algo mais a ser analisado pois a possibilidade de leituras são infinitas. Obra-prima gloriosa.

(nota do filme- 10)


[VIDEODROME- A síndrome do vídeo]

David Cronemberg dirigiu este cult movie dos anos 80, sobre as consequências irreversíveis ao cérebro causados por um programa chamado Videodrome. Na verdade esse filme de Cronemberg pode ser usado como uma metáfora aos programas de TV e é similar aos efeitos de outro filme (A coisa) que tratava sobre produtos industrializados, mas de maneira bem inferior. O filme de Cronemberg conquistou fãs absolutos, mas não é tudo isso. Max Renn (James Woods) faz o dono da pequena emissora de TV a cabo que começa a sofrer alucinações após assistir ao programa em vídeo. O Diretor Cronember mistura além de elementos de ficção científica, sexo e violência, mas numa medida ainda menos impactante do que seriam seus filmes posteriores como Crash ou Gêmeos mórbida semelhança (por exemplo). Sendo considerado um destaque na filmografia de Cronenberg, Videodrome está entre outras obras similares do Diretor que exploram a complexidade da mente humana. No entanto, para alguns, apenas mais um filme superestimado que fará alguns torcerem o nariz.

(nota do filme- 7)

12 julho 2006

Critica do filme: Premonição 3


Quem gostou dos primeiros filmes da série Premonição não terão muito do que se queixar dessa continuação que na verdade não difere muito da estrutura das demais.A história é centralizada agora na personagem Wendy ((Mary Elizabeth Winstead) que decide comemorar junto com um punhado de "aborrecentes" sua formatura num parque de diversões para desencadear novamente a premonição de um acidente, agora na montanha russa de um parque de diversões. Qual o gancho que esse filme cria para se interligar aos outros filmes da série? Bom, eles utilizam o personagem Kevin (Ryan Merriman) para relatar o caso do desastre do avião do primeiro filme para assim ter o propósito de dar unidade a história. É claro que esse artifício não deixa de ser um caça níquel discarado. Mas o filme nunca deixa de ser absorvente e é divertido ao extremo. O início do filme tem uma abertura que causa tensão ( a mesma quando você anda de montanha russa pela primeira vez), a trilha sonora e seus efeitos fazem maravilhas para o filme, o som em dolby é pancada com efeitos especiais de tirar o fôlego. É claro que as mortes são estilizadas, como os primeiros filmes esse aqui coreografa os objetos que são responsáveis pelas mortes bizarras. Desde o primeiro filme procurou-se dar a explicação sobre a teoria de que é inevitável escapar da morte quando ela escolhe um alvo, e isso é que faz o filme fugir dos clichês que geralmente são encontrados nos filmes do gênero. A série copia a si própria e por isso conquistou fãs particulares, embora James Wong o mesmo diretor do primeiro filme da série (e que dirige esse também) tenha ficado insatisfeito com o resultado final do projeto e convencido os produtores a rodar as cenas do acidente na montanha russa com um novo elenco. O final do filme teve má recepção em exibições teste e foi também modificada apesar de que continua um pouco regular na sua conclusão. Talvez um fechamento. A atriz Ali Larter que fez a presonagem(Clear Rivers)dos primeiros filmes, aparece numa ponta no final do filme quando os personagens centrais estão andando de metrô, como uma espécie de pregadora da fé com resultado irônico, já que seu personagem foi uma das vítimas dos primeiros filmes da série. O filme certamente não agradará a quem está buscando grandes interpretações, roteiro com diálogos inteligentes pois até mesmo há falhas na explicação da problemática que o filme aborda. Que na verdade é o de menos já que o que interessa mais são as mortes que se comparam apenas aos filmes de lutas marciais (por sua coreografia frenética). A câmera nos primeiros momentos não para nunca deixando o espectador nervoso. A abertura com uma máquina que lê o futuro encontrado em parques de diversão americanos e até em lojas esotéricas aqui no Brasil com outro formato também deixa um clima de destino escrito. O filme é um entretenimento "seguro", e quando se pensar em ir a parques de diversões deixe de lado as neuroses que o filme possa ter provocado ou contrate um psicólogo.

20 junho 2006

Crítica do filme: A profecia 2006


Fica difícil fazer uma crítica relacionada a esta refilmagem do filme homônimo que lhe deu origem e não criar quadros comparativos entre os dois. O filme conta a história de uma família composta por Robert Thorn, um político em ascensão interpretado por (Liev Schreiber)e sua esposa grávida Katherine (Julia Stiles). Logo que o bebê do casal morre na maternidade é oferecido ao pai um bebê que não tem família para substituir a criança em questão. Dando início a uma série de mortes misteriosos em torno desta criança.

A princípio o filme dirigido por John Moore, não passa de uma repetição do filme que o precedeu. Ele não mudou quase nada das cenas ou diálogos acrescentando nos pontos mortos sustos mecânicos para tentar acordar a platéia contemporânea. O certo é que o problema dessa nova versão do filme "A profecia", comete erros terríveis na sua estrutura. Como pode um filme que tem a seu favor a tecnologia atual conseguir repetir um êxito anterior?

Neste caso o problema é que os filmes de terror durante o tempo costumam perder o impacto. Somente os clássicos permanecem em nossa memória.

Na versão de 1976, Gregory Peck fazia com eficiência o político que vê a possibilidade de seu filho adotivo ser o anticristo. A atriz Lee Remick fazia a esposa assustada com as reações do filho e os fatos macrabos que aconteciam quando a criança estava por perto. Acontece que nesta versão a escolha do elenco foi um erro decisivo para a estrutura da película. Enquanto que na primeira versão, conseguiamos nos identificar com os personagens e sentiamos pena da dura familiaridade delas, neste as péssimas escolhas para os papéis especialmente Julia Stiles como a mãe já que é fria demais e pouco madura para o papel. Numa cena por exemplo em que o marido apresenta o bebê ela pergunta: - O que é isso? O marido retruca: -É nosso filho!. Seria melhor o cara ter dito É nosso filho sua anta! Ou é o nosso futuro capetinha. A expressão da atriz é um misto de nojo como se ela tivesse chupado um limão inteiro. Mesmo sem saber ainda que o filho não é seu e incompreensível que uma mãe possa ter aquele tom de frieza ao ver o resultado de sua concepção.

O certo é que boa parte da projeção se passa e assistimos uma história já contada com poucas cenas modificadas, pequenas alterações aqui e ali e acompanhamos desempenhos irregulares de todo o elenco. Apenas (Mia Farrow) como a babá sinistra Sra. Baylock é uma escolha apropriada para o papel e remete a um filme que ela protagonizou (O bebê de Rosemary). É interessante a entrevista que ela dá ao casal, quando diz ter experiência é impossível não criar remessivas ao filme de Polanski, visto que naquele ela era supostamente mãe do anticristo. Suas poucas cenas injetam vida ao filme. Já o garoto (Seamus Davey-Fitzpatrick) é tão artificial que parece apenas um objeto a ser manejado em cena.

Os aspectos técnicos do filme não diria que são apropriados, apenas corretos, e não superam a versão de 1976. Somente os efeitos especiais é que dão um toque mais moderno. Contudo, a estrutura do filme que deveria ser austera e séria fica suave demais devido ao modo que o filme é dirigido, procurando causar apenas sustos fáceis. Há duas cenas que merecem citações e que foram consideravelmente aprimoradas, a morte do padre no temporal e o ataque dos chacais no cemitério. As outras apenas dispensáveis repetem a versão precedente. Faltou certamente o toque pessoal da direção que possivelmente agiu mais como produtor caça níqueis. A pergunta que o filme deixou no final pelo menos para quem assistiu a primeira versão foi: Para que?


Ficha Técnica
Título Original: The Omen /Ano de Lançamento (EUA): 2006/ Estúdio: 20th Century Fox Film Corporation/Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation/ Direção: John Moore/Roteiro: David Seltzer/Produção: John Moore e Glenn Williamson/Música: Marco Beltrami/Fotografia: Jonathan Sela/Desenho de Produção: Patrick Lumb/Direção de Arte: Katerina Kopicová e Martin Kurel/Figurino: George L. Little/Edição: Dan Zimmerman/Efeitos Especiais: W.M. Creations / Cinesite (Europe) Ltd. COM:
Liev Schreiber (Robert Thorn)
Julia Stiles (Katherine Thorn)
Mia Farrow (Sra. Baylock)
David Thewlis (Keith Jennings)
Nikki Amuka-Bird (Dr. Becker)
Reggie Austin (Tom Portman)
Marshall Cupp (Steven Haines)
Seamus Davey-Fitzpatrick (Damien Thorn)
Michael Gambon (Carl Bugenhagen)
Pete Postlethwaite (Padre Brennan)
Vee Vimolmal (Enfermeira da sra. Baylock)
Matt Ritchie (Âncora de TV)

10 junho 2006

Crítica do filme: O código Da Vinci


O diretor Ron Howard que dirigiu o Oscarisado, "Uma mente brilhante", aparece com este filme baseado no popular best seller homônimo de Dan Brawn. O filme trata sobre um simbologista (Tom Hanks)que é chamado para decifrar as misteriosas pistas deixadas por um curador que é morto no museu do Louvre e junto com a neta desse Sophie (Audrey Tautou)investigam as mensagens que são deixadas ocultas nas obras de Leonardo Da Vinci, que indicam a existência de uma sociedade secreta.

O filme por ser fiel ao livro, evidenciou alguns erros presentes na obra de Brawn: superficialidade e repetição. No entanto devemos convir que é gostoso de se assistir, mesmo sabendo que o próprio livro tornou-se um best seller, tanto pela polêmica levantada a cerca das novas teorias sobre o evangelho quanto as ações de uma aventura urbana sobre caça ao tesouro. A propósito o filme lembra muito "A lenda do tesouro perdido".

As interpretações do elenco deixam um pouco a desejar, Tom Hanks está meio paradão no seu papel, e Audrey Tatou como Sophie, é tão inexpressiva nas longas duas horas e meia de filme que parece estar fazendo força para atuar. Até que nos momentos finais lembra de fazer alguma coisa. O mesmo se dá com o elenco de apoio, parece que todos se divertem com a história, por vezes, eles mesmo se espantam com o script em mãos, mas não levam a sério o que estão fazendo, isso não sei se é devido ao livro ou a direção de atores, o fato que a superficialidade das interpretações fazem com que o espectador se concentre apenas no argumento. Se torna difícil para o público se identificar com qualquer personagem pois eles raramente parecem ser de carne e osso.

Os aspectos técnicos do filme estão no nível das produções caça níqueis, contudo, há cenas que funcionam bem, principalmente as que remetem ao passado, tem um colorido medieval e uma aura mística inegável. É uma pena que os trechos sejam curtinhos, pois garantiriam um mistério e facínio maiores. A cena final de Hanks também é interessante,onde a trilha sonora feiosa de Hans Zimmer, consegue aparecer algumas vezes.

O filme pode desagradar aos cristãos fervorosos e defensores do evangelho segundo o que é passado, no entanto creio que a polêmica levantada em torno do filme tem certo grau de exagero pois em nenhum momento me senti chocado ou o tema foi tratado com desrespeito, mesmo porque nada é sério e tudo fica tão na superfície que se torna apenas um bom passatempo de filmes de detetives com uma pitada de misticismo que algumas vezes tem certo grau de funcionalidade.

Ficha Técnica
Título Original: The Da Vinci Code/Tempo de Duração: 149 minutos/Ano de Lançamento (EUA): 2006/Estúdio: Columbia Pictures / Imagine Entertainment / Brian Grazer/John Calley /Distribuição: Sony Pictures Entertainment / Columbia Pictures / Buena Vista International/Direção: Ron Howard/Roteiro: Akiva Goldsman, baseado em livro de Dan Brown/Produção: John Calley e Brian Grazer/Música: Hans Zimmer/Fotografia: Salvatore Totino/Desenho de Produção: Allan Cameron/Direção de Arte: Giles Masters e Tony Reading/Figurino: Daniel Orlandi/Edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill/
Efeitos Especiais: Double Negative / Artem Ltd. / The Senate Visual Effects Limited / Effects Associates Ltd. / The Moving Picture Company / Brainstorm Digital / Rainmaker Animation & Visual Effects/ COM:Tom Hanks (Robert Langdon)/
Audrey Tautou (Sophie Neveu)/Ian McKellen (Sir Leigh Teabing)/Alfred Molina (Bispo Aringarosa)entre outros.

20 maio 2006

Lista de 20 filmes preferidos divulgados no Blog Balaio Vermelho



O sempre apaixonado pelo cinema Moacy Cirne oferece aos seus leitores e amigos a oportunidade de divulgar uma lista com os 20 filmes preferidos de cada um remetidos para o Blog Balaio Vermelho que sempre incentiva a análise e crítica cinematográfica. Dessa forma essa iniciativa trará a possibilidade de auto-avaliação e reflexão em cima do que está sendo visto além das possíveis comparações e divergências entre as listas, deixando sempre o lado democrático transparecer.

Desse modo, encaminhei a minha própria lista dos 20 filmes que de alguma forma participam da minha cultura cinematográfica. Procurei deixar a emoção falar mais alto que a razão e por isso se encontrarão títulos puramente de entretenimento em contraposição com outros de qualidade técnica inquestionável.

Assim se seguem em ordem cronológica:

O martírio de Joana d'Arc (Carl Theodor Dreyer, 1928)
E o vento levou (Victor Fleming, 1939)
A regra do jogo (Jean Renoir, 1939)
O mágico de Oz (Victor Fleming, 1939)
Soberba (Orson Wells, 1942)
Uma rua chamada pecado (Elia Kazan, 1951)
Brinquedo proibido (René Clément, 1952)
Sedução da carne (Luchino Visconti, 1954)
Os amantes crucificados (Kenji Mizouchi, 1954)
Noites de Cabíria (Federico Fellini, 1957)
A aventura (Michelangelo Antonioni, 1961)
Amor, sublime amor (Robert Wise & Jerome Robins, 1961)
Deus e o Diabo na terra do Sol (Glauber Rocha, 1964)
Gertrud (Carl Theodor Dreyer, 1964)
Persona (Ingmar Bergman, 1966)
O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante (Peter Greenaway, 1989)
Beleza americana (Sam Mendes, 1999)
Clube da luta (David Fincher, 1999)
Elefante (Gus Van Sant, 2003)
O segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005)


Na carta encaminhada ao blog de Moacy Cirne falei da dificuldade de se fazer uma lista a partir do crescimento constante do acervo mundial de filmes. Também por causa da impossibilidade de analisar todo o mercado cinematográfico deixando de lado possíveis obras importantes. No entanto procurei ser eclético nas minhas escolhas transparecendo sempre a honestidade quanto as mesmas.

04 maio 2006

Videoteca do CCBB- os filmes que eu assisti



A foto acima e o artigo escrito abaixo foram extraídos da publicação do Jornal "O Globo" de 04/04/2006 redigida por Inês Amorin - ENTRE QUE A VIDEOTECA É SUA- onde eu apareço assistindo ao filme "O Enigma de Kaspar Hauser". Após o texto de Inês Amorin da integra virá uma listagem dos filmes já assistidos por mim nessa fantástica videoteca do Rio de Janeiro.

"Os cinéfilos conhecem. Muitos estudantes também. Mas para o público em geral, a videoteca do Centro Cultural do Banco do Brasil é uma ilustre desconhecida. Não, não estamos falando da sala de vídeo. Mas de quatro cabines para até três pessoas em que o visitante escolhe o que quer ver. Qualquer um pode ligar para lá, reservar uma cabine, escolher um entre mais de três mil títulos disponíveis e se sentar para assisti-lo. Sozinho ou com até dois amigos.

Não é de graça, mas é bem barato: o cinepasse custa R$8 (estudante paga R$4) e é válido por 30 dias. Ou seja, supondo que você seja estudante e vá duas vezes por mês, cada filme sairá a R$2. Isso se você não rachar com ninguém...

Mas, além do preço em conta, por que ver um filme lá em vez de alugá-lo numa locadora e assisti-lo em casa?

- Encontro aqui coisas que não acho em locadoras - conta Rony de Araújo da Conceição, cinéfilo de carteirinha, que na semana passada escolheu um filme de Werner Herzog, "O enigma de Kaspar Hauser".


O acervo é de fato uma das coisas mais atraentes da videoteca. Funcionários contam que os visitantes procuram muitos títulos do Cinema Novo e de diretores como Federico Fellini e Orson Welles. Também há muitos documentários. Ou seja, filmes que têm a ver com a programação de cinema e vídeo do centro cultural. E que ninguém espere encontrar longas que passaram recentemente no cinema: infelizmente desde 2003 a aquisição de novos títulos diminuiu bastante.

Nada que incomode Juliana Cerqueira, aluna de serviço social da UFRJ. Ela e o irmão Claudio vão em média duas vezes por semana à videoteca.

- Além de poder ver filmes que não vi no cinema, vale pelo programa em si, de vir aqui no CCBB - diz ela, que semana passada viu "Fargo", dos irmãos Cohen.

E para os estudantes que precisam ver filmes para complementar uma matéria dada em sala de aula, uma boa notícia: quem leva uma carta da escola, em papel timbrado, em que o professor recomenda os filmes, não paga.


Jornal: O GLOBO Autor:
Editoria: Megazine Tamanho: 406 palavras
Edição: 1 Página: 8
Coluna: Seção:
Caderno: Megazine "


Aqui segue a listagem de alguns dos filmes já assistidos na Videoteca do CCBB:

Soberba- Orson Wells
O cozinheiro, o ladrão sua mulher e o amante - Greeneway
Sapatinhos Vermelhos- Powell
A doce vida- Felinni
Noites de Cabíria- Felinni
O rosto- Bergman
Gritos e susurros- Bergman
O menino e o vento- Christensen
Anjos e demônios- Christensen
Floradas na serra- Salce
O enigma de Kaspar Hauser- Herzog
A aventura- Antonioni

Esses são alguns dos muitos que ainda irei assistir.

23 abril 2006

Crítica do filme- O albergue


O filme trata sobre três mochileiros que viajam pela Europa, dois americanos e um islandês, em busca de diversão e principalmente sexo. Ficam sabendo de um albergue onde há belas garotas disponíveis, mas entram num mundo macabro onde será incerta as suas sobrevivências. Dirigido por Eli Roth com produção executiva de Quentin Tarantino, podemos pereceber que o filme O Albergue está direcionado ao público que gosta de se chocar com cenas grotescas de mutilações, sadismo e sanguinolência que se aproximam quase do real. Novidade? Nenhuma. Para Tarantino que tem em seu currículo filmes com influências nipônicas como Kill Bill, por exemplo, o Albergue não passa de uma história feita nos moldes dos filmes japoneses gore e sadistas, quase snuff movies. A exemplo de filmes como a série Guinea Pig, All night Long, Batle Royale e uma série de filmes niilistas com jorros de sangue, para chocar a platéia. Esse filme, o albergue, é bem produzido, com efeitos especiais repugnantes, no entanto a crueldade chega a um ponto pertubador. O Diretor Eli Roth não resolve as tensões deixando o espectador com péssimo estado de espírito. Por exemplo na cena em que a japonesinha Kana (Jennifer Lin) sofre na pele as experiências de um executivo pervertido, a cena já é bastante chocante, o público pede que ela morra logo para que não sofra tanto. No entanto o diretor com o sadismo inerente a esse tipo de filme não se contenta em fazer o espectador presenciar o sofrimento da menina e resolve a situação da personagem de modo melancólico e triste. Ficamos não só angustiados e repugnados com as cenas, mas deprimidos. A esperteza do roteiro se contrapõe com um senso mecânico dos temores primários dos filmes de horror. O diretor sabe que a chave da questão se encontra no próprio medo dos americanos daquilo que não conhecem. O que eles encontrarão fora dos limites de suas terras. É um filme sobretudo pessimista, xenofóbico, que encara a vida dessa forma. No cinema, por exemplo, as pessoas saiam contrangidas, outras eufóricas, mas sem muita certeza do que viram.

Ficha técnica
Título Original: Hostel/Lançamento (EUA): 2005/Distribuição: Sony Pictures/Direção: Eli Roth/Roteiro: Eli Roth/ Produção: Chris Briggs, Mike Fleiss e Eli Roth/Música: Nathan Barr/Fotografia: Milan Chadima/Desenho de Produção: Franco-Giacomo Carbone/Direção de Arte: David Baxa/Figurino: Franco-Giacomo Carbone/ Edição: George Folsey Jr./Efeitos Especiais: Precinct 13 Entertainment / K.N.B. EFX Group Inc.
COM:Jay Hernandez (Paxton);Derek Richardson (Josh);Eythor Gudjonsson (Oli);Barbara Nadeljakova (Natalya);Jana Kaderabkova (Svetlana);Jennifer Lim (Kana)e outros.

16 abril 2006

Ciclo Seijun Suzuki- O coreógrafo da violência


O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) RJ, sempre promove a cultura em vários ângulos: seja nas artes plásticas, literárias e cinematográficas. Acontece que recentemente foi difícil diante da variedade de programas disponíveis assistir a tudo o que estava sendo oferecido. Uma delas era o ciclo que abrangia parte da filmografia do cineasta japonês Seijun Suzuki- O coreógrafo da violência. Esse mestre da Direção deixou uma filmografia ousada, inquieta e irônica que influenciou diretores do porte de Quentin Tarantino e Takeshi Kitano entre outros. A lista de filmes mais importantes abrange a fase dos anos 60, a mostra apresentou 8 filmes do Diretor na qual assisti 3: A vida de um tatuado, Elegia da briga & A marca do assassino. Abaixo segue um breve comentário desses filmes não lançados ainda no Brasil para infelicidade dos amantes de filmes nipônicos de gângsters e samurais.

A vida de um tatuado (1965)- Belíssimo filme com as cenas finais dignas de participar de qualquer antologia cinematográfica, inclusive inspirou Tarantino em seu Kill Bill, a platéia que assistia, chegou ao delírio e terminou aplaudindo emocionadamente este filme.

Elegia da briga (1966)- Talvez o mais jovial e louco filme sobre luta que já se fez. As risadas são inevitáveis, clima descontraído e referências sexuais típicas do japones. Cheira a tinta. A platéia adorou.

A marca do assassino (1967)- Mais um filme erótico-humorístico deste diretor que é finalmente redescoberto e ocupa o lugar merecido entre os grandes do cinema do Japão. A marca do assassino talvez seja o filme mais exuberante e controverso do Diretor. Seus personagens facinantes deixaram a plateia numa hipnose atônita. Obra Prima.

09 abril 2006

Crítica dos filmes que participam do prêmio ACIE de cinema 2006



Fazendo um breve comentário em relação aos filmes que participam da premiação ACIE de 2006 devo relatar que foi assistido até o presente momento a metade da programação. Comento que fui surpreendido por um cinema brasileiro, fértil, por vezes engajado e de qualidade inquestionável. Segue-se as críticas de alguns desses filmes:

Casa de areia
O diretor Andrucha Waddington narra com grande perfeccionismo a história de um homem vencido pela loucura (Ruy Guerra), que compra terras em um local praticamente deserto rodeado de um extenso areal. Leva sua mulher mais jovem que ele e que está grávida, Áurea (Fernanda Torres) e a mãe dela Maria (Fernanda Montenegro) numa Caravana. Esperando essas encontrarem lugar propício, encontram apenas isolamento. O filme é um primor em técnica e sua plasticidade é uma coisa surpreendente. A cada cena encontramos bom gosto, seja nos figurinos, seja nas interpretações irretocáveis de todo o elenco e no roteiro compacto. A não utilização da trilha sonora acentua o clima de total solidão. Por vezes Andrucha chega perto de Dreyer, por vezes Jane Campion. Há cenas de grande intensidade como uma em que a mãe está afastada no areal enquanto a filha um pouco mais a frente completa um quadro pictórico. Também, onde é visto um eclipse. Na verdade são tantas cenas incomuns e surpreendentes que são difíceis de enumera-las. Quanto aos diálogos belíssimos, existe um, onde a mãe de Áurea acaba se resignando e fala – aqui homem nenhum manda em mim. Outro, onde já no ano de 1919 áurea conversa com a filha – Sabe o que tenho mais saudade...de música. – O que é música de verdade? Retruca a filha. E a mãe responde – Difícil de explicar. Mas a cena mais comovente certamente é a do reencontro da filha com a mãe em desespero que tinha partido em busca de uma caravana, Fernanda Torres dá um banho de interpretação dramática. A mais recente obra-prima do cinema brasileiro e certamente o melhor filme de Waddington. Simplesmente belíssimo.

O casamento de Romeu e Julieta
Comédia em tons de farsa, deliciosamente despojada, divertida, até meio tola, e que, no entanto, possui um traço de identificação imediata com o público brasileiro. O ritmo é ágil com um roteiro esperto e boas interpretações de todo o elenco. Alude ao drama Romeu e Julieta de Shakespeare por tratar de um caso de amor proibido entre uma Palmerense (Luana Piovani) e de um Oftamologista, chefe de torcida Corintiano (Marco Ricca). É difícil para o público não se identificar com o casal de protagonistas, aliás, Luana Piovani é uma Julieta linda e Marco Ricca tem uma verve para simbolizar o público masculino fanático por futebol. Outro destaque do elenco é Luís Gustavo que interpreta o sogro Palmerense Roxo (Alfredo Baragatti), imigrante Italiano e sócio do clube, que conhece a história do Palmeiras como uma enciclopédia ambulante. A bela introdução do filme é tratada como uma história clássica com música de Rita Pavoni ao fundo. As piadas são hilárias deixando aquele clima descontraído no público a toda hora. Se não chega a ser uma obra prima possivelmente é um dos melhores filmes comerciais brasileiros dos últimos tempos.

Bendito fruto
Comédia Urbana Carioca com apelos dramáticos sobre explosão de um bueiro no Bairro de Botafogo que vai unindo aos poucos os personagens numa teia. Maria (Zezeh Barbosa) é a personagem central, afro-brasileira ela tem problemas na sua relação com o seu parceiro branco Edgar (Otávio Augusto) dono de um salão de beleza onde a maioria dos personagens se encontra. Antes de tudo a Direção de Sérgio Goldenberg apesar de perder por vezes o ritmo, deixa o seu elenco a vontade para dar conta do recado. O que há de melhor nesse filme é o elenco, Zezeh Barbosa rouba junto com o ator Otávio Augusto todas as cenas e o roteiro possui trechos que garantem algumas risadas. Quanto aos aspectos técnicos do filme, esses deixam um pouco a desejar. É explorado muitos lugares comuns em locações previsíveis. Algumas canções são jogadas a esmo: muitos flash backs dos anos 80 com destaque para “Linha do Horizonte” interpretada por Azymuth. Aliás, é um ponto a ser enfocado já que cria um clima retrô até mesmo pelos elementos da Direção de arte, como a caixa registradora antiga do salão ou o toca-discos de vinil no apartamento. A pesar de alguns erros da Direção (algumas cenas não funcionam como deveriam) deixando-se levar pela história é um filme que no todo satisfaz.

A pessoa é para o que nasce
Este documentário sobre a vida das três irmãs “as ceguinhas de Campina Grande”: Maria, Regina e Conceição; que vivem as custas de uma pequena aposentadoria do governo e que através da sua arte, tentam sobreviver cantando e tocando ganzá em feiras em troca de moedas, por vezes é tocante.

Conta-se que o diretor Roberto Berliner se interessou pela vida das irmãs quando estas estavam participando da série Sons de Rua em 1997. Decidindo transformar um projeto de curta-metragem para esse longa.

O filme a princípio é bem criativo, inicia-se de forma sublime, mostrando essa gente do povo caminhando guiadas enquanto aparecem os letreiros de abertura do filme. Tudo é filmado de modo leve e espontâneo, logo a película parece se cortar, aludindo a deficiência física das irmãs.

Quando as protagonistas cegas começam cada uma a descrever seus nomes e relatar um pouco de si, a trilha sonora genial, do bruxo dos sons, Hermeto Pascoal, brinca com a sonoridade das vozes delas numa inspiração e sensibilidade ímpar. Como se as próprias vozes estivessem emitindo esses sons. Vemos nisso um clima extremamente descontraído numa trilha sonora irreparável..

Depois disso são mostrados trechos de filmagens das irmãs em Campina Grande em 1966, 1981 para depois começar o tratamento que na minha opinião faz o filme cair um pouco.

A questão é que o filme é interessante nas partes documentais e quando ele é espontâneo e descontraído. Contudo, vão surgindo outros personagens na história, a vizinha Didi, que cuida das irmãs com uma parte do salário delas, como se fosse uma governanta o esposo relatando a bondade dessa. Acontece que nada se encaixa em foco direito, o diretor tenta ser imparcial deixando o público sem rumo para pensar e nem tempo para isso já que as pausas são poucas para reflexão momentânea, aquilo que vemos parece que é real, será?

O neo realismo Italiano mostrou por vezes a miséria da população em tempos de guerra e o cinema novo a questão do nordeste e problemas urbanos. O que é tratado no filme de Roberto é uma parte disso. Talvez ele não seja tão bom nas cenas dramáticas quando envolvem trechos biográficos, ele é melhor quando tudo é transformado numa mágica brincadeira com trechos que convertem as irmãs em estrelas pela própria concepção das protagonistas. Quando entram elementos como vizinhos, a filha, uma outra vizinha que toma o lugar da outra que supostamente não estava sendo tão legal, parece que o que antes seria passado para o público de uma história sobre pessoas vencedoras e resignadas fora antes trocado por pessoas comuns de pele e osso com suas mesquinharias e seu lado negativo.

Se o apelo para tentar afastar a carga dramática em excesso devido a própria temática um pouco ácida, transformando as irmãs em gente que quer vencer como qualquer outra pessoa, mais preocupados em dinheiro, pois vê-se que a miséria, transformam pessoas maravilhosas em pessoas amarguradas e egoístas. Ao meu ver constituiu-se num erro do Diretor pois o documento que nos é descrito não é interessante para os olhos de quem vê.

Logo caracteriza-se a chefe do clã das irmãs Maria que relata o caso do assassinato de seu amante, outro ponto negativo no tratamento dado a esse fato que pouco acrescenta a um documentário e seria mais viável numa biografia que supostamente não seria a intenção do Diretor.

O Diretor desnuda ao seu modo os seus personagens mas não esconde a falta de imparcialidade com a sua própria Direção que parece estar fazendo um benefício a essa gente. Outra forsação de barra são as crises da filha de Maria, um personagem que parece não ter grande importância no filme mas que na sua estrutura geral transcende em vários aspectos a questão que o filme aborda.

Quando o cantor Gilberto Gil revela em apenas uma palavra o significado daqueles três corpos no adjetivo: fragilidade, logo percebe que as mesmas podem ser manipuladas da forma que se quer, também como objeto estético. Na cena em que Gilberto Gil canta a vida das irmãs enquanto estas aparecem na escuridão com seus rostos iluminados por lanternas, fotograficamente a cena realmente é linda. Outra cena proposital que funciona dependendo do ponto de vista que se vê, é a nudez das irmãs no final do filme. Tomando um banho de mar, o diretor faz com que as mesmas se dispam: simbolizaria a vida das três que foram despidas pela câmara? No contexto a cena pareceu demasiado exibicionista, no entanto, a nudez sem apelo erótico, se torna sublime fora do argumento mesquinho que por vezes corta o que seria mágico para os olhos. As vezes o maior cego e aquele que enxerga e não quer ver. As pessoas são para aquilo que desejam ser, somente não o são quando o acaso e as circunstâncias transformam inevitável tal mudança!

Gaijin 2- Ama-me como sou
Kazumi (Kasey Kumamoto), relata a saga de sua família de imigrantes Japoneses que vieram para o Brasil, após crise no Japão em 1908. Eles se instalam em Londrina- Paraná e vêem cada vez mais a possibilidade de retorno a sua terra natal ser cancelado. A personagem central dessa história é Titoe Yamada (Kyoko Tsukamoto) e o tema principal é a volta ao lar e suas origens.

Acontece que a Direção de Tizuca Yamazaki nunca chega de fato a impressionar. Ela já tinha feito um filme precedente na década de 80 sobre os imigrantes. Contudo, a burocracia toma conta da narrativa, a voz de Kazumi é tão chata que não se sabe se é problema do som grave demais ou se é da voz do próprio ator.

O roteiro e a interpretação da maioria dos atores, chega por vezes, a ser vexatórias.

Percebemos que o estilo de Tisuca Yamazaki é novelesco, a maioria das interpretações chegam quase ao televisivo e acabam, por vezes, resvalando no dramalhão. A impostação da voz chega apenas ao teatral, não tendo nada de autêntico ou que desperte realmente paixão ou emoção.

Os diálogos beiram o óbvio tentando ressaltar a pátria tipo: “Veja essa terra, a natureza é poderosa” ou “Shinobu aqui nesta terra as mulheres tem que ser fortes”. Por vezes chegam ao caricatural quando Ramon Salinas (Luís Melo) passando por um “perrengue” nas suas terras grita com sotaque Espano “Deus porque me abandonaste?”.

Existem erros relativos ao tratamento da Direção de arte, por exemplo, nos nascimentos, os recém-nascidos, nunca aparecem com seus cordões umbilicais, é tudo simples, a mulher grita e “pumba”: tá lá o bebê sequinho.

Existe uma cena emotiva interessante que chega quase a funcionar, no entanto, se torna por demais carregada devido a falta de controle das interpretações. A cena em questão é a que a personagem Shinobu Yamashita está dando a luz ao lado de seu marido baleado (o professor Yamashi), antes de morrer o pai pega a criança e morre com o bebê no seu colo. A cena poderia ter tido um tratamento melhor, mas é um ponto a ser ressaltado. Outra cena interessante é a que a câmara logo no início do filme sobrevoa a casa do narrador da história, a fotografia chega ao ápice do bom gosto.

A propósito tanto a fotografia, como figurinos e produção são corretas. Já a trilha sonora é imperdoável, pois raramente se casa com as imagens, inconveniente em cenas dramáticas, alta demais, parece trilha sonora usada em novela. O que por exemplo a canção Tropicália de Caetano Veloso está fazendo em uma das cenas? Quando parte da música toca “sobre a cabeça os aviões...” aparece um avião. È tudo tão óbvio que percebesse que o intento geral é simplesmente narrar apenas uma história familiaresca com um final que é definido por uma única palavra, clichê.

O fim e o princípio
Documentário simpático, direto, realista, crú, que trata sobre a vida de idosos de um lugarejo do interior do nordeste. O Diretor relata que no princípio decidiu procurar um povoado aleatoriamente. Converçando com Rosa uma espécie de assistente social da região ela vai traçando o mapeamento do povoado Araças onde vive alguns de seus moradores. As entrevistas são feitas com uma camâra estática que incomoda principalmente os espectadores menos avisados e que não gostam do estilo documental e pouco interessados em desbravar a vida desses senhores e senhoras com suas crenças, trabalho, cotidiano, sabedoria e principalmente relativo a condição da morte na terceira idade. O filme é poético e ao terminar fica muitos questionamentos no ar é como se você tivesse feito uma viagem a casa de parentes conhecidos e tivesse que se despedir deles depois. Sublime.

Vinícius
Documentário sobre essa grande personalidade do Brasil e do mundo. Diplomata, compositor e músico Vinícius deixou vasta obra e foi pioneiro em várias áreas da cultura popular. Esse documentário e narrado ao estilo clássico, com depoimentos de amigos, pausas para algumas de suas canções, interpretadas por cantores como Adriana Calcanhoto, Monica Salmaso, Zeca Pagodinho e outros. Há intervensões de dois atores dramatizando seus poemas. No entanto o que se constata no final é de um filme frio, Não sentimos a intensidade de Vinícius é como se lessemos um livro mas não partilhassemos a história desse artista renomado. O filme é correto e insatisfatório no seu todo.

08 abril 2006

Prêmio ACIE de cinema 2006


O Prêmio da Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE) tem por objetivo à visibilidade do cinema brasileiro no exterior. Será seguida pela votação de 250 correspondentes e essa premiação chega a sua terceira edição. Os filmes indicados foram comercialmente lançados em dezembro de 2004 à novembro de 2005. Eles podem ser visto no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) Rua primeiro de Março, 66- Centro-RJ.

Os filmes que participam desse prêmio são:
Cidade Baixa; Vida de Menina; Bendito Fruto; Quase dois irmãos; Casa de areia; Cinema, aspirinas e urubus; Gaijin 2- ama-me como sou; O diabo a quatro; Dois filhos de Francisco; Vinícius; A pessoa é para o que nasce; O fim e o princípio; Vlado- 30 anos depois.

Somam-se 14 filmes no total e a premiação sera outorgada em sete categorias: Filme, Documentário, Roteiro, Ator, Atriz, Diretor, Fotografia.

Estou acompanhando o evento que iniciou no dia 04 e terá seu término previsto para o dia 16 de abril. Posteriormente estarei publicando os resultados com as críticas pessoais dos respectivos filmes que participam. Até lá!

25 março 2006

Semanas após o Oscar 2006



Levou umas duas semanas aproximadamente para que eu pudesse respirar melhor com a entrega da premiação referente ao Oscar 2006. Para melhor filme nada mais nada menos que o "clichêsento" Crash! É claro que muita gente achou esse filme pseudo-profundo e analiticamente é difícil de engolir.

Na verdade desde o princípio achei o filme de Haggis o contraposto do Segredo de Brokeback mountain. Munique (um filmão de Spilberg) parecia pesado demais para a Academia, Boa noite e boa sorte um filme bom, contudo, não tinha apelo as grandes massas e Capote um filme comum, apesar da boa interpretação do protagonista.
No entanto, há quem fale sobre preconceito, xenofobia, homofobia e outras fobias mais a respeito do Oscar desse ano, não creio que seja particularmente isso. Na verdade o Oscar é apenas o reflexo da política atual dos EUA. Abaixo segue alguns comentários extraídos de vários sites sobre a grande zebra que ficará pendurada nas costas da Academia de Artes e Políticas...opps, e Ciências Cinematográficas por muito tempo.

“Não, Jack Nicholson não foi preso esta manhã por apresentar o prêmio de Melhor Filme sob efeito de drogas ou álcool. É verdade, Crash ganhou mesmo. Se eu tivesse crenças cristãs, diria que é sinal do Apocalipse ou coisa parecida.” Por Fabrício C. Santos

“Você está surpreso/a com o resultado do Oscar 2006? Imagine Ang Lee” Por Ana Maria Bahiana

Já Rubens Ewald Filho comentou sobre o desrespeito da Academia relativa a proliferação do DVD. Rubens a propósito esbravejou na apresentação do Oscar pela TNT “Estão cuspindo no prato que comem”

E explicou “Pois se preparem porque eles vão passar muitos anos pagando o crime de não terem escolhido por O Segredo de Brokeback Mountain como melhor filme. Foi má vontade mesmo, pode se dizer mesmo preconceito. O fato é que estando nos EUA e portanto mais perto das noticias, deu para eu perceber algumas coisas. 1) este ano houve muitas abstenções, gente que não votou e também que votaram na ultima hora. 2) é claro que eles não queriam que Mountain ganhasse 3) fazia dias que a imprensa noticiava a campanha que Crash fazia párea conseguir votos (parece que a Lion´s Gate investiu dois milhões e meio, mandando DVDs para todos os votantes, em particular os atores, já que era fita que ator gostava até pelo elenco grande). O filme já existia faz tempo em DVD e por isso não teve controle, nem medo de pirataria .Valeu tudo para o filme ganhar. E olhem a ironia, os votantes viram em DVD, em casa e não nos cinemas.”

O certo é que Crash- no limite como melhor filme do ano, pode ter enganado a algumas pessoas contrárias a temática de Brokeback e que gostem de filmes que fazem pensar não pela lógica , mas sobre pressão e manipulação. Muita gente pareceu se enchergar com a temática do filme de Haggis que diz que todos nós somos pessoas que a qualquer momento podemos matar, se tornar bons, dependendo das circunstâncias.???????

Não parece uma explicação do porque dos EUA estarem em situação de auto-proteção com eles próprios? Aliás, se você cometer uma barbaridade, tipo, como atirar num negro por pensar que é um assaltante após ter tido a genialidade de convidar esse negro desconhecido para uma carona, culpem o filme Crash, por isso. O fato é que com a vitória de Crash como melhor filme o Segredo de Brokeback acabou se tornando mais importante não pelo troféu que não ganhou, mas pela consciência do que ele representou, até mesmo por ter sido indicado a um prêmio que não tem o peso de festivais como Cannes, Veneza, Berlin entre outros. Na verdade, o Oscar é apenas uma Celebração artificial do que o dinheiro pode realizar ou comprar.

26 fevereiro 2006

O Oscar 2006- crítica dos filmes que concorrem a melhor direção e melhor filme


Tendo em vista a entrega do Oscar 2006 prestes a ocorrer, não exitei em precorrer os cinemas da minha cidade para assistir os lançamentos que concorrem ao Oscar de melhor filme e coincidentemente de melhor diretor, visto que todos os filmes indicados para melhor filme esse ano também concorrem ao prêmio de melhor Direção.

O Oscar não me oferecia interesse até o ano de 94 quando um filme despertou-me para que eu torcesse por ele. Que filme seria esse? Nada mais nada menos que "A lista de Shindler" de Steven Spilberg. Esse aparece coincidentemente esse ano com seu Munique.

O que devo falar sobre os filmes que concorrem a premiação deste ano? Gostei muito do Segredo de Brokeback Mountain de Ang Lee e Munique de Steven Spilberg, para mim foram os melhores e correm na frente. Gostei também da simplicidade de Boa noite e boa sorte de George Clonney digestivel e fácil de assistir. Achei bom o filme Capote de Benett Miller e torci o nariz para Crash- no Limite de Paul Higes.

Logo se segue as críticas dos respectivos filmes e as minhas impressões sobre os mesmos, com relação a entrega do Oscar, as preferências de cada um só serão confirmadas na abertura dos envelopes. Enquanto isso, é fazer figa. E que vença o melhor!

CRASH- no limite
O diretor Paul Higes faz um apanhado sobre as diversidades étnicas dos EUA. Os personagens se cruzam através de um roubo de um carro de uma mulher de classe abastada, interpretada por Sandra Bulock (que tem um bom desempenho como uma burguesa mimada). O argumento a princípio parece oportuno, no entanto, tudo parece falso, desde algumas interpretações sofríveis de alguns atores até alguns diálogos tão premeditados que o roteirista parece que trata o espectador como se tivesse um atraso mental. As emoções são tão planejadas em cada cena, tão arranjadas, que quando acontece alguma coisa no filme você acaba se sentindo enganado. Talvez seja isso, o filme não é de todo ruim é até original e divertido, mas nunca se firma como uma película feita com seriedade e dirigida com mais segurança. Podemos comparar esse filme, como um carro top de linha que quando sai da fábrica, vai se desmontando pelo caminho. Diálogos como sou negro meu irmão, os brancos querem nosso mal e o velho peixe vendido com todos os clichês de frases ruim e mal acabadas. A trilha sonora é colocada nos momentos mais indevidos principalmente na hora de uma cena sentimentalista, vai aumentando a música de fundo e o público acaba sabendo que a razão toda do Diretor é querer provocar sensações de modo manipulativo. O final parece que foi feito por um adolescente na ânsia de fechar com chave de ouro. Na verdade é uma idéia que absorve mais não convence e mesmo assim continua martelando não pelo que foi, mas pelo que poderia ter sido.

O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN
Surpreendente filme do Diretor Ang Lee que utiliza uma narrativa simples, com fotografia crua, tal como a montagem, trilha sonora e atuações exelentes. O que torna o filme importante em torno da sua simplicidade extética natural (sem muitas firulas), não é nem o modo ou o tema em si que já fora mostrado em outros filmes, mas certamente, o objeto da reflexão que esse levanta no final, a intolerância. Esse filme pode facilmente ser comparado com películas como "Beleza Americana", "Meninos não choram", "Perdidos na noite" e outros que ousaram em sua temática para arrebatar prêmios e se tornarem ícones da história do cinema. Contudo a chave do filme fica por conta das interpretações do elenco, Heath Ledger interpreta Ennie del mar, um sujeito tímido que se contrapõe ao tipo de Jake Gyllenhal (Jack Twist) esse último mais extrovertido que o primeiro e revela um temperamento sexual mais passivo. As personalidades contrapostas fluem no roteiro que é encabeçado por outras atuações não menos brilhantes. Como a noiva de Del mar Alma (Michelle Williams) está perfeita na posição de esposa traída, na cena, por exemplo, em que ela vê o seu marido da janela beijando o seu suposto amigo, sua expressão é tão sincera que é impossível o público não rir da coitada em determinado momento. A ela só resta se submeter à situação visto que não está preparada para encarar o fato abertamente, a princípio, tranca o problema no baú, expondo a questão somente mais tarde. O filme, como muitos críticos disseram está longe de levantar bandeiras e de definir um grupo para qual esteja direcionado. Mesmo porque, antes de um filme de amor entre iguais trata de questões inerentes a uma sociedade escondida nas suas próprias leis. Contudo há uma frase crucial jogada no final do filme e que de certa maneira cria interrogativas, Del Mar fala "Eu Juro!" Ele jura o quê, pois não remete a nenhum acontecimento próximo na montagem ou edição do filme. Será, fidelidade? Amor eterno? Que o corpo do seu amante será removido para Brokeback Mountain? Que um dia se perdoará de ser o que é? Essas simples palavras deixam um manancial de interrogativas, que por circunstâncias próprias até fazem o filme funcionar em seu próprio modo, deixando-o após a projeção em sua mente. Por isso o filme é Altamente Recomendado.


MUNIQUE
Talvez seja o filme mais pomposo de Spilberg desde A Lista de Shindler. Uma mistura de Coppola com Scorsese. O tal filme maduro que todos queriam que o Diretor fizesse. Bem menos apelativo emocionalmente apesar do seu discurso e idéias complexas. Deixa indagações tipo: como um homem, pai de família antes apaixonado, agora luta contra si próprio e consegue fazer amor com sua mulher, amor que simboliza a vida e pensar ao mesmo tempo nas cenas de morte dos seus compatriotas nas Olimpiadas de Munique? O filme trata sobre o terrorismo, enfatizando o setembro negro em que 11 atletas Israelenses foram mortos. Spilberg não se preocupa depois disso em situar personagens, vai jogando na tela um batalhão deles e fica por vezes difícil saber quem é quem. Ele não fornece durante uma boa parte da projeção trégua para o público refletir em cima de seus personagens ou cenas, pois há poucas pausas e existe longos trechos verborrágicos que exigem paciência e atenção por parte do expectador. Se fossemos comparar com uma mulher a Munique do Diretor Spilberg precisaria de uma lipo para ficar mais enxuta. Prevemos o final do filme umas duas vezes para ouvir personagens falarem coisas tipo, isso foi necessário para sua família, todo mundo precisa de um lugar que se possa chamar de seu e um patriotismo exacerbado. O que Spilberg quer mostrar é que os povos, tanto israelenses como palestinos lutam porque querem sua terra e que há motivos mais obscuros por trás das verdadeiras necessidades de se exterminar o “mal”. Motivos esses político-econômicos. Mas a mistura de árabes, com palestinos, terroristas, israelenses, americanos, europeus, soviéticos em locações da Europa (principalmente) vira uma salada e consome tantas idéias e indagações num só filme que você acaba saindo do cinema esgotado e sem acréscimo de fatos realmente novos. O filme está longe de ser chato, principalmente se analisarmos o contexto super atual dos acontecimentos, também, porque as explosões das bombas e dos tiros das metralhadoras dos israelenses quando esses escalados saem a caçar os supostos envolvidos com o terrorismo, ficam zunindo no ouvido impedindo alguém de cochilar. Spilberg pretende fornecer dados históricos procurando explicar os motivos que levaram o terrorismo a se multiplicar (mata um, nasce seis). Quanto aos aspectos técnicos do filme, esse não deixa nada a dever, pois se trata de uma superprodução com pouca utilização de artificialismos baratos que são utilizados hoje em dia em várias produções de forma vulgar (cito os efeitos especiais por computação gráfica). A grandiosidade das imagens que são evidenciadas são de brilhante crueza e realismo, até mesmo pela fotografia que lembra as películas utilizadas nos filmes do começo dos anos 70. Quanto as ótimas interpretações dos atores, estas são embotadas pelo excesso de personagens e pela própria direção que é a verdadeira estrela do filme. A ironia da produção fica por conta da cena em que lados opostos brigam pelo controle de um rádio em que estações diferentes tocam musicas folclóricas de seus respectivos países e acaba numa briguinha tipo quem vai ouvir o quê até que essa briga acaba somente quando um dos “bravos” lutadores finalmente sintoniza numa estação onde toca uma música americana, simbolizando o poder dos EUA frente aos embates do mundo e sua universalidade cultural. A pesar de Munique ser um filme pesadão se houver perseverança por parte dos expectadores a experiência final poderá surpreender e causar impacto. RECOMENDADO.

BOA NOITE E BOA SORTE

Filme simpaticíssimo do Diretor George Clooney que trata da TV americana em meados da década de 50 onde os EUA vivia o período do Macarthismo.Mostrando que se comparado com os dias atuais, nada mudou em termos manipulativos, já tratados em filmes similares como Cidadão Kane e Um grito no escuro, por exemplo. O ator David Strathairn interpreta o âncora da TV CBS, Edward R. Murrow, que acaba perseguindo o Senador Joseph Mc Carthy por utilizar de inverdades para acusar supostos envolvidos com o Comunismo. O ponto alto do filme é a interpretação de Strathairn, ele molda seu personagem com ironia e classe fazendo o filme ganhar brilho. Outro ponto alto da película está certamente no seu roteiro, rápido, repleto de diálogos ágeis pontuados por uma fotografia linda em preto e branco na maior parte dentro do estúdio de Tv com pausas para uma fantástica Diane Reeves cantando clássicos do Jazz (TV is the thing this year, How High The moon, You Drive me crazy), acompanhada por alguns músicos. Os cortes para as partes musicais são excelentes, pois acentuam o clima de época e da Direção de Arte. O final súbito é finalizado com o chavão, Boa noite e Boa sorte, para entrarem os créditos com o a perfeita voz de Reeves acompanhada apenas por um baixo. O clima ao sairmos do cinema é de mágica nostalgia. EXCELENTE.

CAPOTE

O argumento desse filme é sobre a relação do escritor Truman Capote e sua pesquisa do assassinato de uma família numa cidade do interior do Kansas culminando em um dos grandes Best sellers americanos de todos os tempos “A sangue frio”. O Diretor Bennet Miller faz um apanhado da vida de Truman Capote enquanto este se prepara para enfrentar os assassinos pela qual necessita de informações para escrever seu livro. Como todo filme baseado em biografias, esse aqui, segue o roteiro clássico e é claro que está investindo num tema sério. A narrativa é simples, explorando closes dos personagens e principalmente a atuação de Philip Seymour Hoffman, sua interpretação de Capote é cheia de nuances. A princípio a língua dobrada e a fala arrastada dá vontade de você querer ser um dos Serial Killers do filme para matá-lo também, mas, na verdade, a sua interpretação exigiu muita técnica para ser realizada. Por vezes ele é tão controlado que parece que o ator utilizou supositórios de cafeína para extimular o corpo a interpretar, interpretar e interpretar. Entretanto, seu desempenho atinge um crescendo espetacular. No final você ri do sujeito porque não consegue que, a corte suprema execute, seus supostos “amigos” para ele concluir sua “mina de ouro”. É tão bizarro, o conceito, e os trajeitos afeminados, que o expectador não sabe se estende a mão ou sente raiva de Capote por explorar a desgraça alheia. Isso culminou na própria maldição do escritor que depois de realizar essa obra não escreveu mais nada na literatura. O filme é dirigido com sobriedade, com bela fotografia, mas uma história de um escritor que por si só é um espetáculo a parte e que vale ser conferido.

17 janeiro 2006

Os três filmes de janeiro

Fiquei um tempo sem atualizar meu blog, aproveitando os momentos de ociosidade para assistir alguns filmes recentemente todos no aconchego do lar em DVD's em catálogo. Alguns me fizeram suspirar dizendo - "Puxa, o cinema ainda vive!". Outros me causaram aversão ou o que é pior puro tédio. Colocarei aqui uma lista de 3 filmes assistidos em janeiro com uma cotação simples de (1 a 10) sem números quebrados. A pontuação e o critério de avaliação do filme é relativo ao - argumento, roteiro, direção, atuações, produção (o que engloba partes técnicas tais como: fotografia, direção artística, som, montagem, iluminação e etc).
Acredito sobretudo que o mais importante do cinema é o equilíbrio. Não importa se o filme é comercial ou simplesmente um exercício artístico, o que vale é se o filme cumpriu o seu propósito como veículo de comunicação, estética e memória social.
Aqui estão os filmes:
-Newport Jazz Festival (1958) conhecido internacionalmente como "Jazz on a summers day".
Crítica: Possivelmente o melhor documentário/show de jazz de todos os tempos, precursor de filmes como "Woodstock" e "O último show de Rock" de Scorcese. Esse filme Dirigido pelo fotógrafo Bert Stern, apresenta com grande brilhantismo momentos inesquecíveis do festival ocorrido em 1958 na cidadezinha de Newport. Ele alternou maravilhosamente, momentos do show (Louis Armstrong, Dinah Washington, Mahalia Jackson e a estonteante Anita O'day, entre outros), close da platéia e momentos documentais de uma época numa fotografia esplendorosa. Assiti a este filme 10 vezes até agora e o fascínio só tem aumentado. Imperdível , obra-prima absoluta.
Nota: 10
- As Invasões Bárbaras.
Crítica: Genial; do elenco a Direção, argumento atualíssimo e atemporal, roteiro esperto e bela produção fazem com que este filme ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro além de outros prêmios seja altamente recomendado.
Nota:9
- O caçador de bruxas.
Crítica: filme subestimado, bastante cultuado dentro de um círculo de amantes de filmes de terror. Apesar de que esse filme não se trata de um terror propriamente dito, é um filme voltado para o horror psicológico, trata da Inquisição, taí o horror que é visto na tela. Torturas, clima de suspense e uma atuação que figura entre as melhores com certeza de Vicente Price (é tão forte que você seria capaz de matá-lo com várias machadadas). O restante do elenco também está muito bem, só o que peca um pouco é o roteiro um pouco lento, estílo clássico, mas não embota o clima gótico e tenso do filme.
Nota:7
Por: Rony A. Fernandes da Conceição