18 dezembro 2005

Crítica do filme: O processo de Joana D'ark


Esse filme do diretor francês Robert Bresson, tal como Carl Dreyer em seu Martírio de Joana D'ark, se concentrou nos documentos do processo da mártir para roteirizar o seu filme. No entanto o que possui o filme de Dreyer de magestoso em imagens e clímax tem esse aqui de Bresson de chato e econômico. Será que o Diretor precisa criar um estilo despido de emoção para ser notado? A película possui pouco mais de 60 minutos, contudo, parece durar uma eternidade e quando termina, você acaba saindo satisfeito como se tivesse se libertado de uma praga. Para quem não assistiu o filme é basicamente isso: a câmera se dirige para o inquisidor e ele faz uma pergunta, depois se dirige para Joana e ela responde, e essa parafernalha toda fica quase em toda a projeção, provocando bocejos em boa parte dos expectadores. Acontece que as reações dos atores são as mesmas durante o filme todo dando a impressão que as imagens foram reaproveitadas na montagem mudando apenas o diálogo. Trilha sonora? Um rufar de tambores no início do processo e no fim quando o corpo de Joana é desintegrado (e você não acompanha nada). Depois pombas voando e um cão vira-lata olhando para a câmera. O cinema trabalha com sons e imagens, e sua ausência é utilizada para acentuar determinado clima. A impressão que dá no final desse projeto é que Bresson estava com dor de barriga e queria terminar o filme o mais rápido possível. Joana (Florence Delay) com corte de cabelo chanel? Bem modernista, não? Fotografado em preto e branco, o filme participou do Festival de Cannes em 1962 e é considerado uma obra prima por boa parte da crítica especializada.
Ficha Técnica
Título Original: Procès de Jeanne D'Arc, França, 1962. / Direção e Roteiro: Robert Bresson/ Com: Florence Delay, Jean-Claude Fourneau, Marc Jacquier, Roger Honorat, Philippe Dreux, Jean Gillibert, Michel Herubel, André Régnier, Arthur Le Bau, Marcel Darbaud, Paul-Robert Mimet, Gérard Zingg/ Fotografia: Lèonce-Henri Burel/ Edição: Germaine Artus/ Direção de Arte: Pierre Charbonnier/ Música: Francis Seyrig/ Figurinos: Lucilla Mussini/ Produção: Agnès Delahaie.
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição