
Esse filme do diretor francês Robert Bresson, tal como Carl Dreyer em seu Martírio de Joana D'ark, se concentrou nos documentos do processo da mártir para roteirizar o seu filme. No entanto o que possui o filme de Dreyer de magestoso em imagens e clímax tem esse aqui de Bresson de chato e econômico. Será que o Diretor precisa criar um estilo despido de emoção para ser notado? A película possui pouco mais de 60 minutos, contudo, parece durar uma eternidade e quando termina, você acaba saindo satisfeito como se tivesse se libertado de uma praga. Para quem não assistiu o filme é basicamente isso: a câmera se dirige para o inquisidor e ele faz uma pergunta, depois se dirige para Joana e ela responde, e essa parafernalha toda fica quase em toda a projeção, provocando bocejos em boa parte dos expectadores. Acontece que as reações dos atores são as mesmas durante o filme todo dando a impressão que as imagens foram reaproveitadas na montagem mudando apenas o diálogo. Trilha sonora? Um rufar de tambores no início do processo e no fim quando o corpo de Joana é desintegrado (e você não acompanha nada). Depois pombas voando e um cão vira-lata olhando para a câmera. O cinema trabalha com sons e imagens, e sua ausência é utilizada para acentuar determinado clima. A impressão que dá no final desse projeto é que Bresson estava com dor de barriga e queria terminar o filme o mais rápido possível. Joana (Florence Delay) com corte de cabelo chanel? Bem modernista, não? Fotografado em preto e branco, o filme participou do Festival de Cannes em 1962 e é considerado uma obra prima por boa parte da crítica especializada.
Ficha Técnica
Título Original: Procès de Jeanne D'Arc, França, 1962. / Direção e Roteiro: Robert Bresson/ Com: Florence Delay, Jean-Claude Fourneau, Marc Jacquier, Roger Honorat, Philippe Dreux, Jean Gillibert, Michel Herubel, André Régnier, Arthur Le Bau, Marcel Darbaud, Paul-Robert Mimet, Gérard Zingg/ Fotografia: Lèonce-Henri Burel/ Edição: Germaine Artus/ Direção de Arte: Pierre Charbonnier/ Música: Francis Seyrig/ Figurinos: Lucilla Mussini/ Produção: Agnès Delahaie.
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição