20 junho 2006

Crítica do filme: A profecia 2006


Fica difícil fazer uma crítica relacionada a esta refilmagem do filme homônimo que lhe deu origem e não criar quadros comparativos entre os dois. O filme conta a história de uma família composta por Robert Thorn, um político em ascensão interpretado por (Liev Schreiber)e sua esposa grávida Katherine (Julia Stiles). Logo que o bebê do casal morre na maternidade é oferecido ao pai um bebê que não tem família para substituir a criança em questão. Dando início a uma série de mortes misteriosos em torno desta criança.

A princípio o filme dirigido por John Moore, não passa de uma repetição do filme que o precedeu. Ele não mudou quase nada das cenas ou diálogos acrescentando nos pontos mortos sustos mecânicos para tentar acordar a platéia contemporânea. O certo é que o problema dessa nova versão do filme "A profecia", comete erros terríveis na sua estrutura. Como pode um filme que tem a seu favor a tecnologia atual conseguir repetir um êxito anterior?

Neste caso o problema é que os filmes de terror durante o tempo costumam perder o impacto. Somente os clássicos permanecem em nossa memória.

Na versão de 1976, Gregory Peck fazia com eficiência o político que vê a possibilidade de seu filho adotivo ser o anticristo. A atriz Lee Remick fazia a esposa assustada com as reações do filho e os fatos macrabos que aconteciam quando a criança estava por perto. Acontece que nesta versão a escolha do elenco foi um erro decisivo para a estrutura da película. Enquanto que na primeira versão, conseguiamos nos identificar com os personagens e sentiamos pena da dura familiaridade delas, neste as péssimas escolhas para os papéis especialmente Julia Stiles como a mãe já que é fria demais e pouco madura para o papel. Numa cena por exemplo em que o marido apresenta o bebê ela pergunta: - O que é isso? O marido retruca: -É nosso filho!. Seria melhor o cara ter dito É nosso filho sua anta! Ou é o nosso futuro capetinha. A expressão da atriz é um misto de nojo como se ela tivesse chupado um limão inteiro. Mesmo sem saber ainda que o filho não é seu e incompreensível que uma mãe possa ter aquele tom de frieza ao ver o resultado de sua concepção.

O certo é que boa parte da projeção se passa e assistimos uma história já contada com poucas cenas modificadas, pequenas alterações aqui e ali e acompanhamos desempenhos irregulares de todo o elenco. Apenas (Mia Farrow) como a babá sinistra Sra. Baylock é uma escolha apropriada para o papel e remete a um filme que ela protagonizou (O bebê de Rosemary). É interessante a entrevista que ela dá ao casal, quando diz ter experiência é impossível não criar remessivas ao filme de Polanski, visto que naquele ela era supostamente mãe do anticristo. Suas poucas cenas injetam vida ao filme. Já o garoto (Seamus Davey-Fitzpatrick) é tão artificial que parece apenas um objeto a ser manejado em cena.

Os aspectos técnicos do filme não diria que são apropriados, apenas corretos, e não superam a versão de 1976. Somente os efeitos especiais é que dão um toque mais moderno. Contudo, a estrutura do filme que deveria ser austera e séria fica suave demais devido ao modo que o filme é dirigido, procurando causar apenas sustos fáceis. Há duas cenas que merecem citações e que foram consideravelmente aprimoradas, a morte do padre no temporal e o ataque dos chacais no cemitério. As outras apenas dispensáveis repetem a versão precedente. Faltou certamente o toque pessoal da direção que possivelmente agiu mais como produtor caça níqueis. A pergunta que o filme deixou no final pelo menos para quem assistiu a primeira versão foi: Para que?


Ficha Técnica
Título Original: The Omen /Ano de Lançamento (EUA): 2006/ Estúdio: 20th Century Fox Film Corporation/Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation/ Direção: John Moore/Roteiro: David Seltzer/Produção: John Moore e Glenn Williamson/Música: Marco Beltrami/Fotografia: Jonathan Sela/Desenho de Produção: Patrick Lumb/Direção de Arte: Katerina Kopicová e Martin Kurel/Figurino: George L. Little/Edição: Dan Zimmerman/Efeitos Especiais: W.M. Creations / Cinesite (Europe) Ltd. COM:
Liev Schreiber (Robert Thorn)
Julia Stiles (Katherine Thorn)
Mia Farrow (Sra. Baylock)
David Thewlis (Keith Jennings)
Nikki Amuka-Bird (Dr. Becker)
Reggie Austin (Tom Portman)
Marshall Cupp (Steven Haines)
Seamus Davey-Fitzpatrick (Damien Thorn)
Michael Gambon (Carl Bugenhagen)
Pete Postlethwaite (Padre Brennan)
Vee Vimolmal (Enfermeira da sra. Baylock)
Matt Ritchie (Âncora de TV)

10 junho 2006

Crítica do filme: O código Da Vinci


O diretor Ron Howard que dirigiu o Oscarisado, "Uma mente brilhante", aparece com este filme baseado no popular best seller homônimo de Dan Brawn. O filme trata sobre um simbologista (Tom Hanks)que é chamado para decifrar as misteriosas pistas deixadas por um curador que é morto no museu do Louvre e junto com a neta desse Sophie (Audrey Tautou)investigam as mensagens que são deixadas ocultas nas obras de Leonardo Da Vinci, que indicam a existência de uma sociedade secreta.

O filme por ser fiel ao livro, evidenciou alguns erros presentes na obra de Brawn: superficialidade e repetição. No entanto devemos convir que é gostoso de se assistir, mesmo sabendo que o próprio livro tornou-se um best seller, tanto pela polêmica levantada a cerca das novas teorias sobre o evangelho quanto as ações de uma aventura urbana sobre caça ao tesouro. A propósito o filme lembra muito "A lenda do tesouro perdido".

As interpretações do elenco deixam um pouco a desejar, Tom Hanks está meio paradão no seu papel, e Audrey Tatou como Sophie, é tão inexpressiva nas longas duas horas e meia de filme que parece estar fazendo força para atuar. Até que nos momentos finais lembra de fazer alguma coisa. O mesmo se dá com o elenco de apoio, parece que todos se divertem com a história, por vezes, eles mesmo se espantam com o script em mãos, mas não levam a sério o que estão fazendo, isso não sei se é devido ao livro ou a direção de atores, o fato que a superficialidade das interpretações fazem com que o espectador se concentre apenas no argumento. Se torna difícil para o público se identificar com qualquer personagem pois eles raramente parecem ser de carne e osso.

Os aspectos técnicos do filme estão no nível das produções caça níqueis, contudo, há cenas que funcionam bem, principalmente as que remetem ao passado, tem um colorido medieval e uma aura mística inegável. É uma pena que os trechos sejam curtinhos, pois garantiriam um mistério e facínio maiores. A cena final de Hanks também é interessante,onde a trilha sonora feiosa de Hans Zimmer, consegue aparecer algumas vezes.

O filme pode desagradar aos cristãos fervorosos e defensores do evangelho segundo o que é passado, no entanto creio que a polêmica levantada em torno do filme tem certo grau de exagero pois em nenhum momento me senti chocado ou o tema foi tratado com desrespeito, mesmo porque nada é sério e tudo fica tão na superfície que se torna apenas um bom passatempo de filmes de detetives com uma pitada de misticismo que algumas vezes tem certo grau de funcionalidade.

Ficha Técnica
Título Original: The Da Vinci Code/Tempo de Duração: 149 minutos/Ano de Lançamento (EUA): 2006/Estúdio: Columbia Pictures / Imagine Entertainment / Brian Grazer/John Calley /Distribuição: Sony Pictures Entertainment / Columbia Pictures / Buena Vista International/Direção: Ron Howard/Roteiro: Akiva Goldsman, baseado em livro de Dan Brown/Produção: John Calley e Brian Grazer/Música: Hans Zimmer/Fotografia: Salvatore Totino/Desenho de Produção: Allan Cameron/Direção de Arte: Giles Masters e Tony Reading/Figurino: Daniel Orlandi/Edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill/
Efeitos Especiais: Double Negative / Artem Ltd. / The Senate Visual Effects Limited / Effects Associates Ltd. / The Moving Picture Company / Brainstorm Digital / Rainmaker Animation & Visual Effects/ COM:Tom Hanks (Robert Langdon)/
Audrey Tautou (Sophie Neveu)/Ian McKellen (Sir Leigh Teabing)/Alfred Molina (Bispo Aringarosa)entre outros.