03 dezembro 2005

Crítica do filme: A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)



O filme conta a história de cinco crianças "sortudas" que encontram um cupom dourado escondidas em cinco barras de chocolates que lhes dá direito a entrar na maior fábrica de doces do mundo. Essa refilmagem do clássico dos anos 70 conseguiu ser melhor que o original! Faço algumas ressalvas com relação a classificação etária do filme, a estrutura pode parecer infantil, mas não é com certeza. Há maldade embutida e explícita. A fotografia do filme recebe tonalidades neuróticas, ora frias, ora carregadas. A própria composição do personagem Willie Wonka recebeu um toque diferente de Johnny Deep. Ele deixou de lado a loucura suave da interpretação de Gene Wilder para a primeira versão, e tornou o personagem carregado de amargura, até um pouco vingativo e rancoroso com a humanidade. Parece detestar crianças, mas na verdade, existe pelo menos uma cena em que é revelado seu lado humano, quando Wonka repara o estado do pobre Charlie e lhe oferece uma concha de chocolate líquido para nutri-lo. É um ser trancado no mundo de chocolates e doces e suas lembranças passadas nos são descritas, sabemos porque o personagem é o que é. O Willie Wonka de Deep é afetado e irônico, de uma inteligência extraordinária. No seu olhar vemos desprezo, rancor, neuroses e maldade para com aqueles que ele julga merecedores. Deep assume certos manerismos que por vezes incomodam, mas o personagem está lá e continua na sua mente após a projeção, um verdadeiro toque desse bom ator. Todo o elenco está magnífico. O infantil por exemplo consegue o mesmo efeito, o personagem Charlie do ator mirim Freddie Highmore tirou um pouco da bondade charoposa que por vezes incomodava da interpretação de Peter Ostrum da primeira versão do filme, e sua interpretação se torna mais objetiva. Os demais personagens contam com pessoas extravagantes e bizarras, são seres que se assemelham a pessoas de cera e muitas vezes a identificação é inevitável. As vezes não se distingue o ator da computação gráfica, já que ambos vão se interagindo. O diretor Tim Burton enfatizou o olhar dos personagens de modo surrealista. Magnífico são os efeitos especiais. Surpreendente é a história com um roteiro para lá de enxuto. O diretor Tim Burton parece algumas vezes fazer piada em cima da outra versão do filme. Tipo: nessa parte tinha os lumpa-lumpas cantando não é? Então farei dessa maneira! E o resultado surpreende. Se bem que algumas pessoas questionaram sobre a falta da trilha sonora original, o que eu também acabei sentindo. No entanto, o modo por vezes debochado de contar a história, faz você refletir que na verdade isso pouco importa, afinal esse aqui não se trata de um musical! Ele não amaciou os acontecimentos do argumento mostrando uma fábula onde a moral da história é para lá de amarga e o filme se torna altamente recomendado.

Essa crítica sofreu pequenos acréscimos em cima da que foi publicada no site "ADORO CINEMA" Clique aqui e confira a original pela abreviação Rony Fernandes.



Ficha Técnica

Título Original: Charlie and the Chocolate Factory /Gênero: Fantasia/ Tempo de Duração: 106 minutos/ Ano de Lançamento (EUA): 2005/ Estúdio: Warner Bros. / Village Roadshow Pictures / The Zanuck Company / Plan B Entertainment/ Distribuição: Warner Bros. Direção: Tim Burton/Roteiro: John August, adaptado do livro de Roald Dahl/ Produção: Brad Grey e Richard D. Zanuck/ Música: Gardner DeAguiar, Jesse Shaternick, Manuel Ignacio, Danny Elfman e RaVani Flood/ Fotografia: Philippe Rousselot/ Desenho de Produção: Alex McDowell/ Direção de Arte: François Audouy, Sean Haworth, James Lewis, Andy Nicholson, Kevin Phipps, Stuart Rose e Leslie Tomkins/ Figurino: Gabriella Pescucci /Edição: Chris Lebenzon Efeitos Especiais: Digital Domain ; Framestore CFC ; Neal Scanlan Studio ; The Moving Picture Company ;Cinesite Ltd. Com: Johnny Deep, Freddie Highmore, David Kelly, Deep Roy, Helena Bonham Carter, Noah Taylor...

Por Rony de A. Fernandes da Conceição