25 dezembro 2005

Crítica do filme: Goya


Esse filme do Diretor Carlos Saura sobre a vida do pintor Goya é todo desigual. O filme é brilhante em alguns aspectos, feito por um grande diretor, mas não é uniforme. Há alguma coisa de Berguiniano na composição do filme, principalmente relacionado ao tema existencialista. Acontece que tal como Ingmar Bergman, Carlos Saura se torna pesado em algumas partes, principalmente na primeira metade do filme. A dificuldade do expectador ser absorvido pela trama é muito grande, porque Saura viaja no tempo e as vezes se torna difícil para alguns acompanharem a trajetória do pintor. O que se leva da vida do mestre é que suas pinturas eram sombrias porque ele gostava de pintar à noite. Isso se apresenta no formato da apresentação do próprio filme, com fotografia escura e tonalidades soturnas, com predominância de laranjas, vermelhos, azul profundo e negro quando a aura é morte. Quando Goya ( Francisco Rabal) segue sua amada a Duquesa de Alba (Maribél Verdu) vestida de negro por entre os corredores brancos logo nos primeiros minutos da projeção em que Goya se encontra no seu quarto, lembra o velho do filme "Morangos Silvestres". A Direção de arte é profundamente teatral e a concepção do roteiro é particularmente deixada de lado para se concentrar no aspecto visual da película. Se por um lado isso pode ser um ponto forte em se tratando de uma obra de arte, num filme onde uma história é por vezes importante para o ligamento e interação com o expectador fica a dever. Quando o filme passa da metade e começa a mostrar o lado humano de Goya é que ele se torna mais interessante (principalmente na cena em que Goya converça com sua filha Rosario (Daphne Fernández ) demonstrando para ela a forma da mesma desenvolver sua imaginação. Há frases e textos na cena de grande beleza. Os quadros de Goya que são mostrados ao longo do filme são expostos de forma tão transparente que percebesse que a intenção de Saura é apenas expô-las para o público pela sua própria concepção da arte (o cinema). Ele se preocupou demais com a forma e acabou esquecendo o conteúdo da vida do grande pintor e o que sentimos na sua finalização é um imenço vazio de personalidade. Mesmo que o filme tenha seus admiradores.
Ficha Técnica
Título Original: Goya en Burdeos/ Gênero: Drama/ Tempo de Duração: 102 minutos/ Ano de Lançamento (Espanha): 1999/ Estúdio: Televisión Española / Via Digital / Italian International Film / LolaFilms / RAI/Distribuição: Lolafilms Distribución, S.A./ Direção: Carlos Saura/ Roteiro: Carlos Saura/ Produção: Andrés Vicente Goméz/ Música: Roque Baños/ Direção de Fotografia: Vittorio Storaro/ Desenho de Produção: Pierre-Louis Thévenet/ Direção de Arte: Pierre-Louis Thévenet/ Figurino: Pedro Moreno/ Edição: Julia Juaniz/ Com:Francisco Rabal (Goya); José Coronado (Jovem Goya); Daphne Fernández (Rosario); Maribel Verdú (Duquesa de Alba); Eulalia Ramón (Leocadia); Joaquín Climent (Moratin); Cristina Espinosa (Pepita Tudo); José Maria Pou (Godoy)
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição