26 fevereiro 2006

O Oscar 2006- crítica dos filmes que concorrem a melhor direção e melhor filme


Tendo em vista a entrega do Oscar 2006 prestes a ocorrer, não exitei em precorrer os cinemas da minha cidade para assistir os lançamentos que concorrem ao Oscar de melhor filme e coincidentemente de melhor diretor, visto que todos os filmes indicados para melhor filme esse ano também concorrem ao prêmio de melhor Direção.

O Oscar não me oferecia interesse até o ano de 94 quando um filme despertou-me para que eu torcesse por ele. Que filme seria esse? Nada mais nada menos que "A lista de Shindler" de Steven Spilberg. Esse aparece coincidentemente esse ano com seu Munique.

O que devo falar sobre os filmes que concorrem a premiação deste ano? Gostei muito do Segredo de Brokeback Mountain de Ang Lee e Munique de Steven Spilberg, para mim foram os melhores e correm na frente. Gostei também da simplicidade de Boa noite e boa sorte de George Clonney digestivel e fácil de assistir. Achei bom o filme Capote de Benett Miller e torci o nariz para Crash- no Limite de Paul Higes.

Logo se segue as críticas dos respectivos filmes e as minhas impressões sobre os mesmos, com relação a entrega do Oscar, as preferências de cada um só serão confirmadas na abertura dos envelopes. Enquanto isso, é fazer figa. E que vença o melhor!

CRASH- no limite
O diretor Paul Higes faz um apanhado sobre as diversidades étnicas dos EUA. Os personagens se cruzam através de um roubo de um carro de uma mulher de classe abastada, interpretada por Sandra Bulock (que tem um bom desempenho como uma burguesa mimada). O argumento a princípio parece oportuno, no entanto, tudo parece falso, desde algumas interpretações sofríveis de alguns atores até alguns diálogos tão premeditados que o roteirista parece que trata o espectador como se tivesse um atraso mental. As emoções são tão planejadas em cada cena, tão arranjadas, que quando acontece alguma coisa no filme você acaba se sentindo enganado. Talvez seja isso, o filme não é de todo ruim é até original e divertido, mas nunca se firma como uma película feita com seriedade e dirigida com mais segurança. Podemos comparar esse filme, como um carro top de linha que quando sai da fábrica, vai se desmontando pelo caminho. Diálogos como sou negro meu irmão, os brancos querem nosso mal e o velho peixe vendido com todos os clichês de frases ruim e mal acabadas. A trilha sonora é colocada nos momentos mais indevidos principalmente na hora de uma cena sentimentalista, vai aumentando a música de fundo e o público acaba sabendo que a razão toda do Diretor é querer provocar sensações de modo manipulativo. O final parece que foi feito por um adolescente na ânsia de fechar com chave de ouro. Na verdade é uma idéia que absorve mais não convence e mesmo assim continua martelando não pelo que foi, mas pelo que poderia ter sido.

O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN
Surpreendente filme do Diretor Ang Lee que utiliza uma narrativa simples, com fotografia crua, tal como a montagem, trilha sonora e atuações exelentes. O que torna o filme importante em torno da sua simplicidade extética natural (sem muitas firulas), não é nem o modo ou o tema em si que já fora mostrado em outros filmes, mas certamente, o objeto da reflexão que esse levanta no final, a intolerância. Esse filme pode facilmente ser comparado com películas como "Beleza Americana", "Meninos não choram", "Perdidos na noite" e outros que ousaram em sua temática para arrebatar prêmios e se tornarem ícones da história do cinema. Contudo a chave do filme fica por conta das interpretações do elenco, Heath Ledger interpreta Ennie del mar, um sujeito tímido que se contrapõe ao tipo de Jake Gyllenhal (Jack Twist) esse último mais extrovertido que o primeiro e revela um temperamento sexual mais passivo. As personalidades contrapostas fluem no roteiro que é encabeçado por outras atuações não menos brilhantes. Como a noiva de Del mar Alma (Michelle Williams) está perfeita na posição de esposa traída, na cena, por exemplo, em que ela vê o seu marido da janela beijando o seu suposto amigo, sua expressão é tão sincera que é impossível o público não rir da coitada em determinado momento. A ela só resta se submeter à situação visto que não está preparada para encarar o fato abertamente, a princípio, tranca o problema no baú, expondo a questão somente mais tarde. O filme, como muitos críticos disseram está longe de levantar bandeiras e de definir um grupo para qual esteja direcionado. Mesmo porque, antes de um filme de amor entre iguais trata de questões inerentes a uma sociedade escondida nas suas próprias leis. Contudo há uma frase crucial jogada no final do filme e que de certa maneira cria interrogativas, Del Mar fala "Eu Juro!" Ele jura o quê, pois não remete a nenhum acontecimento próximo na montagem ou edição do filme. Será, fidelidade? Amor eterno? Que o corpo do seu amante será removido para Brokeback Mountain? Que um dia se perdoará de ser o que é? Essas simples palavras deixam um manancial de interrogativas, que por circunstâncias próprias até fazem o filme funcionar em seu próprio modo, deixando-o após a projeção em sua mente. Por isso o filme é Altamente Recomendado.


MUNIQUE
Talvez seja o filme mais pomposo de Spilberg desde A Lista de Shindler. Uma mistura de Coppola com Scorsese. O tal filme maduro que todos queriam que o Diretor fizesse. Bem menos apelativo emocionalmente apesar do seu discurso e idéias complexas. Deixa indagações tipo: como um homem, pai de família antes apaixonado, agora luta contra si próprio e consegue fazer amor com sua mulher, amor que simboliza a vida e pensar ao mesmo tempo nas cenas de morte dos seus compatriotas nas Olimpiadas de Munique? O filme trata sobre o terrorismo, enfatizando o setembro negro em que 11 atletas Israelenses foram mortos. Spilberg não se preocupa depois disso em situar personagens, vai jogando na tela um batalhão deles e fica por vezes difícil saber quem é quem. Ele não fornece durante uma boa parte da projeção trégua para o público refletir em cima de seus personagens ou cenas, pois há poucas pausas e existe longos trechos verborrágicos que exigem paciência e atenção por parte do expectador. Se fossemos comparar com uma mulher a Munique do Diretor Spilberg precisaria de uma lipo para ficar mais enxuta. Prevemos o final do filme umas duas vezes para ouvir personagens falarem coisas tipo, isso foi necessário para sua família, todo mundo precisa de um lugar que se possa chamar de seu e um patriotismo exacerbado. O que Spilberg quer mostrar é que os povos, tanto israelenses como palestinos lutam porque querem sua terra e que há motivos mais obscuros por trás das verdadeiras necessidades de se exterminar o “mal”. Motivos esses político-econômicos. Mas a mistura de árabes, com palestinos, terroristas, israelenses, americanos, europeus, soviéticos em locações da Europa (principalmente) vira uma salada e consome tantas idéias e indagações num só filme que você acaba saindo do cinema esgotado e sem acréscimo de fatos realmente novos. O filme está longe de ser chato, principalmente se analisarmos o contexto super atual dos acontecimentos, também, porque as explosões das bombas e dos tiros das metralhadoras dos israelenses quando esses escalados saem a caçar os supostos envolvidos com o terrorismo, ficam zunindo no ouvido impedindo alguém de cochilar. Spilberg pretende fornecer dados históricos procurando explicar os motivos que levaram o terrorismo a se multiplicar (mata um, nasce seis). Quanto aos aspectos técnicos do filme, esse não deixa nada a dever, pois se trata de uma superprodução com pouca utilização de artificialismos baratos que são utilizados hoje em dia em várias produções de forma vulgar (cito os efeitos especiais por computação gráfica). A grandiosidade das imagens que são evidenciadas são de brilhante crueza e realismo, até mesmo pela fotografia que lembra as películas utilizadas nos filmes do começo dos anos 70. Quanto as ótimas interpretações dos atores, estas são embotadas pelo excesso de personagens e pela própria direção que é a verdadeira estrela do filme. A ironia da produção fica por conta da cena em que lados opostos brigam pelo controle de um rádio em que estações diferentes tocam musicas folclóricas de seus respectivos países e acaba numa briguinha tipo quem vai ouvir o quê até que essa briga acaba somente quando um dos “bravos” lutadores finalmente sintoniza numa estação onde toca uma música americana, simbolizando o poder dos EUA frente aos embates do mundo e sua universalidade cultural. A pesar de Munique ser um filme pesadão se houver perseverança por parte dos expectadores a experiência final poderá surpreender e causar impacto. RECOMENDADO.

BOA NOITE E BOA SORTE

Filme simpaticíssimo do Diretor George Clooney que trata da TV americana em meados da década de 50 onde os EUA vivia o período do Macarthismo.Mostrando que se comparado com os dias atuais, nada mudou em termos manipulativos, já tratados em filmes similares como Cidadão Kane e Um grito no escuro, por exemplo. O ator David Strathairn interpreta o âncora da TV CBS, Edward R. Murrow, que acaba perseguindo o Senador Joseph Mc Carthy por utilizar de inverdades para acusar supostos envolvidos com o Comunismo. O ponto alto do filme é a interpretação de Strathairn, ele molda seu personagem com ironia e classe fazendo o filme ganhar brilho. Outro ponto alto da película está certamente no seu roteiro, rápido, repleto de diálogos ágeis pontuados por uma fotografia linda em preto e branco na maior parte dentro do estúdio de Tv com pausas para uma fantástica Diane Reeves cantando clássicos do Jazz (TV is the thing this year, How High The moon, You Drive me crazy), acompanhada por alguns músicos. Os cortes para as partes musicais são excelentes, pois acentuam o clima de época e da Direção de Arte. O final súbito é finalizado com o chavão, Boa noite e Boa sorte, para entrarem os créditos com o a perfeita voz de Reeves acompanhada apenas por um baixo. O clima ao sairmos do cinema é de mágica nostalgia. EXCELENTE.

CAPOTE

O argumento desse filme é sobre a relação do escritor Truman Capote e sua pesquisa do assassinato de uma família numa cidade do interior do Kansas culminando em um dos grandes Best sellers americanos de todos os tempos “A sangue frio”. O Diretor Bennet Miller faz um apanhado da vida de Truman Capote enquanto este se prepara para enfrentar os assassinos pela qual necessita de informações para escrever seu livro. Como todo filme baseado em biografias, esse aqui, segue o roteiro clássico e é claro que está investindo num tema sério. A narrativa é simples, explorando closes dos personagens e principalmente a atuação de Philip Seymour Hoffman, sua interpretação de Capote é cheia de nuances. A princípio a língua dobrada e a fala arrastada dá vontade de você querer ser um dos Serial Killers do filme para matá-lo também, mas, na verdade, a sua interpretação exigiu muita técnica para ser realizada. Por vezes ele é tão controlado que parece que o ator utilizou supositórios de cafeína para extimular o corpo a interpretar, interpretar e interpretar. Entretanto, seu desempenho atinge um crescendo espetacular. No final você ri do sujeito porque não consegue que, a corte suprema execute, seus supostos “amigos” para ele concluir sua “mina de ouro”. É tão bizarro, o conceito, e os trajeitos afeminados, que o expectador não sabe se estende a mão ou sente raiva de Capote por explorar a desgraça alheia. Isso culminou na própria maldição do escritor que depois de realizar essa obra não escreveu mais nada na literatura. O filme é dirigido com sobriedade, com bela fotografia, mas uma história de um escritor que por si só é um espetáculo a parte e que vale ser conferido.

17 janeiro 2006

Os três filmes de janeiro

Fiquei um tempo sem atualizar meu blog, aproveitando os momentos de ociosidade para assistir alguns filmes recentemente todos no aconchego do lar em DVD's em catálogo. Alguns me fizeram suspirar dizendo - "Puxa, o cinema ainda vive!". Outros me causaram aversão ou o que é pior puro tédio. Colocarei aqui uma lista de 3 filmes assistidos em janeiro com uma cotação simples de (1 a 10) sem números quebrados. A pontuação e o critério de avaliação do filme é relativo ao - argumento, roteiro, direção, atuações, produção (o que engloba partes técnicas tais como: fotografia, direção artística, som, montagem, iluminação e etc).
Acredito sobretudo que o mais importante do cinema é o equilíbrio. Não importa se o filme é comercial ou simplesmente um exercício artístico, o que vale é se o filme cumpriu o seu propósito como veículo de comunicação, estética e memória social.
Aqui estão os filmes:
-Newport Jazz Festival (1958) conhecido internacionalmente como "Jazz on a summers day".
Crítica: Possivelmente o melhor documentário/show de jazz de todos os tempos, precursor de filmes como "Woodstock" e "O último show de Rock" de Scorcese. Esse filme Dirigido pelo fotógrafo Bert Stern, apresenta com grande brilhantismo momentos inesquecíveis do festival ocorrido em 1958 na cidadezinha de Newport. Ele alternou maravilhosamente, momentos do show (Louis Armstrong, Dinah Washington, Mahalia Jackson e a estonteante Anita O'day, entre outros), close da platéia e momentos documentais de uma época numa fotografia esplendorosa. Assiti a este filme 10 vezes até agora e o fascínio só tem aumentado. Imperdível , obra-prima absoluta.
Nota: 10
- As Invasões Bárbaras.
Crítica: Genial; do elenco a Direção, argumento atualíssimo e atemporal, roteiro esperto e bela produção fazem com que este filme ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro além de outros prêmios seja altamente recomendado.
Nota:9
- O caçador de bruxas.
Crítica: filme subestimado, bastante cultuado dentro de um círculo de amantes de filmes de terror. Apesar de que esse filme não se trata de um terror propriamente dito, é um filme voltado para o horror psicológico, trata da Inquisição, taí o horror que é visto na tela. Torturas, clima de suspense e uma atuação que figura entre as melhores com certeza de Vicente Price (é tão forte que você seria capaz de matá-lo com várias machadadas). O restante do elenco também está muito bem, só o que peca um pouco é o roteiro um pouco lento, estílo clássico, mas não embota o clima gótico e tenso do filme.
Nota:7
Por: Rony A. Fernandes da Conceição

31 dezembro 2005

Crítica do filme- Top Gun- Ases Indomáveis


Filme comercialmente cara-de-pau produzido por uma equipe muito esperta. A princípio é a história de um jovem piloto (Tom Cruise) que entra na escola de aviação da marinha Americana e lá começa um romance com sua instrutora (kelly McGillis). O que se torna fato é que o filme foi muito popular na década de 80 se tornando um dos ícones do cinema Pop americano, talvez um clássico. Porque? Supõe-se que agrada os adolescentes fazendo-os imaginarem a si próprios, principalmente para os amantes de aviões. O diretor fez com que esses se lembrassem da época em que brincavam de aviõezinhos, tiravam onda no colegial, ou que farreavam com grupos de amigos, o roteiro é baseado nisso, mesmo porque se for analisado de uma maneira mais crítica dificilmente seria convincente. Para as meninas tem um astro Tom Cruise. Para os coroas remete algumas lembranças do passado através de músicas como Great Balls of fire e I lost my love Felling. Também as lembranças do jovem "herói" com relação a seu pai um ex-piloto. Acontece que o Diretor soube tirar partido de uma boa técnica cinematográfica com tomadas de aviões de última geração e uma bela trilha sonora, a composição ganhadora do Oscar Take my Breath Away, de Giorgio Moroder e Tom Whitlock, executada pelo grupo Berlin, já faz parte da antologia das trilhas sonoras do cinema. No entanto parece que tudo é composto para chegar aos seguintes termos: sou o máximo, sou garanhão, sou popular e fotografo bem. Kelly McGillis é praticamente utilizada para equilibrar o excesso de personagens jovens masculinos, que fechados juntos sem nenhuma presença feminina poderiam assumir atitudes meio suspeitas (vide os olhares gulosos de Val Kilmer para Tom Cruise). Até nisso o Diretor foi bastante esperto, "pois queremos que nosso astro apesar da beleza física passe alguma virilidade, não acham?". A montagem do filme é bem feita, e a fotografia brilhante por vezes lembram pintura de estúdio. Na cena, por exemplo, da queda do jato, quando os pilotos caem de paraquedas até o pôr do sol e as cores são planejadas com intuito de refletirem alguma coisa... Esteticamente o que a América pode oferecer de melhor para o público- o espelho.
Ficha Técnica
Título Original: Top Gun/Gênero: Aventura/Tempo de Duração: 109 minutos/Ano de Lançamento (EUA): 1986/Estúdio: Paramount Pictures/Distribuição: Paramount Pictures/Direção:Tony Scott/ Roteiro: Jim Cash e Jack Epps Jr./Produção: Jerry Bruckheimer e Don Simpson/Música: Harold Faltermeyer/Direção de Fotografia: Jeffrey L. Kimball/Desenho de Produção: John DeCuir Jr./Edição: Chris Lebenzon e Billy Weber/Efeitos Especiais: Colossal Pictures / USFX/ Com: Tom Cruise (Pete "Maverick" Mitchell); Kelly McGillis (Charlotte Blackwood); Val Kilmer (Tom "Iceman" Kazanski); Anthony Edwards (Nick "Goose" Bradshaw); Tom Skerritt (Comandante Mike "Viper" Metcalf); Michael Ironside (Tenente-Comandante Heatherly "Jester"); John Stockwell (Cougar); Barry Tubb (Wolfman); Rick Rossovich (Slider) Tim Robbins (Merlin); Clarence Gilyard Jr. (Sundown); Whip Hubley (Hollywood); James Tolkan (Stinger); Meg Ryan (Carole Bradshaw)
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição

25 dezembro 2005

Crítica do filme: Goya


Esse filme do Diretor Carlos Saura sobre a vida do pintor Goya é todo desigual. O filme é brilhante em alguns aspectos, feito por um grande diretor, mas não é uniforme. Há alguma coisa de Berguiniano na composição do filme, principalmente relacionado ao tema existencialista. Acontece que tal como Ingmar Bergman, Carlos Saura se torna pesado em algumas partes, principalmente na primeira metade do filme. A dificuldade do expectador ser absorvido pela trama é muito grande, porque Saura viaja no tempo e as vezes se torna difícil para alguns acompanharem a trajetória do pintor. O que se leva da vida do mestre é que suas pinturas eram sombrias porque ele gostava de pintar à noite. Isso se apresenta no formato da apresentação do próprio filme, com fotografia escura e tonalidades soturnas, com predominância de laranjas, vermelhos, azul profundo e negro quando a aura é morte. Quando Goya ( Francisco Rabal) segue sua amada a Duquesa de Alba (Maribél Verdu) vestida de negro por entre os corredores brancos logo nos primeiros minutos da projeção em que Goya se encontra no seu quarto, lembra o velho do filme "Morangos Silvestres". A Direção de arte é profundamente teatral e a concepção do roteiro é particularmente deixada de lado para se concentrar no aspecto visual da película. Se por um lado isso pode ser um ponto forte em se tratando de uma obra de arte, num filme onde uma história é por vezes importante para o ligamento e interação com o expectador fica a dever. Quando o filme passa da metade e começa a mostrar o lado humano de Goya é que ele se torna mais interessante (principalmente na cena em que Goya converça com sua filha Rosario (Daphne Fernández ) demonstrando para ela a forma da mesma desenvolver sua imaginação. Há frases e textos na cena de grande beleza. Os quadros de Goya que são mostrados ao longo do filme são expostos de forma tão transparente que percebesse que a intenção de Saura é apenas expô-las para o público pela sua própria concepção da arte (o cinema). Ele se preocupou demais com a forma e acabou esquecendo o conteúdo da vida do grande pintor e o que sentimos na sua finalização é um imenço vazio de personalidade. Mesmo que o filme tenha seus admiradores.
Ficha Técnica
Título Original: Goya en Burdeos/ Gênero: Drama/ Tempo de Duração: 102 minutos/ Ano de Lançamento (Espanha): 1999/ Estúdio: Televisión Española / Via Digital / Italian International Film / LolaFilms / RAI/Distribuição: Lolafilms Distribución, S.A./ Direção: Carlos Saura/ Roteiro: Carlos Saura/ Produção: Andrés Vicente Goméz/ Música: Roque Baños/ Direção de Fotografia: Vittorio Storaro/ Desenho de Produção: Pierre-Louis Thévenet/ Direção de Arte: Pierre-Louis Thévenet/ Figurino: Pedro Moreno/ Edição: Julia Juaniz/ Com:Francisco Rabal (Goya); José Coronado (Jovem Goya); Daphne Fernández (Rosario); Maribel Verdú (Duquesa de Alba); Eulalia Ramón (Leocadia); Joaquín Climent (Moratin); Cristina Espinosa (Pepita Tudo); José Maria Pou (Godoy)
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição

19 dezembro 2005

Crítica do filme: Alice no país das maravilhas (1951)


A história da menina enfadada com as coisas comuns da sua vida sonha com um mundo particular até o dia em que aparece um coelho branco em seu caminho. Esse longa metragem de animação dos estúdios Disney teve seu lançamento adiado nos anos 40 devido a Segunda Guerra Mundial, somente sendo lançado posteriormente na década de 50. Contudo o filme não teve boa aceitação por parte da crítica, nem do público da época, que acusaram Disney de reduzir o livro e os personagens criados por Lewis Carrol. Uma verdadeira pena, porque a sintetização da obra de Carrol foi muito bem planejada, num roteiro equilibrado, com uma animação cativante e músicas memoráveis. Visto hoje é um festival de psicodelia em cenas com o gato risonho, ou a rainha de copas com a marcha das cartas. Quanto as canções, são belíssimas, trechos como: " ...e as flores quanta coisa eu não diria as flores..." ou " borboletas e tulipas se beijam enchem a terra de alegrias mil..." ou " Alice o seu país, maravilhoso e tão feliz...". Isso para citar alguns exemplos. Memorável é a parte em que Alice se encontra com os irmãos Dedeledi e Dedelidã e estes contam a história da Foca e o Carpinteiro. Poesia pura quando falam "...a noite estava em meio...". ou " ...ostrinhas, ostrinhas? Mas a resposta foi nenhuma isso porque ele as tinha comido uma a uma". Divertido até o final o conto possui um lirismo próprio que é eternamente clássico. E a dublagem do filme em Português por incrível que pareça e melhor que a versão em Inglês. Altamente Nostálgico.

Ficha Técnica

Título Original: Alice in Wonderland, EUA, 1951. 75 min. / Direção: Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske/ Distribuição: Buena Vista Home Vídeo/ Gênero: Animação

Por: Rony de A. Fernandes da Conceição

18 dezembro 2005

Crítica do filme: O processo de Joana D'ark


Esse filme do diretor francês Robert Bresson, tal como Carl Dreyer em seu Martírio de Joana D'ark, se concentrou nos documentos do processo da mártir para roteirizar o seu filme. No entanto o que possui o filme de Dreyer de magestoso em imagens e clímax tem esse aqui de Bresson de chato e econômico. Será que o Diretor precisa criar um estilo despido de emoção para ser notado? A película possui pouco mais de 60 minutos, contudo, parece durar uma eternidade e quando termina, você acaba saindo satisfeito como se tivesse se libertado de uma praga. Para quem não assistiu o filme é basicamente isso: a câmera se dirige para o inquisidor e ele faz uma pergunta, depois se dirige para Joana e ela responde, e essa parafernalha toda fica quase em toda a projeção, provocando bocejos em boa parte dos expectadores. Acontece que as reações dos atores são as mesmas durante o filme todo dando a impressão que as imagens foram reaproveitadas na montagem mudando apenas o diálogo. Trilha sonora? Um rufar de tambores no início do processo e no fim quando o corpo de Joana é desintegrado (e você não acompanha nada). Depois pombas voando e um cão vira-lata olhando para a câmera. O cinema trabalha com sons e imagens, e sua ausência é utilizada para acentuar determinado clima. A impressão que dá no final desse projeto é que Bresson estava com dor de barriga e queria terminar o filme o mais rápido possível. Joana (Florence Delay) com corte de cabelo chanel? Bem modernista, não? Fotografado em preto e branco, o filme participou do Festival de Cannes em 1962 e é considerado uma obra prima por boa parte da crítica especializada.
Ficha Técnica
Título Original: Procès de Jeanne D'Arc, França, 1962. / Direção e Roteiro: Robert Bresson/ Com: Florence Delay, Jean-Claude Fourneau, Marc Jacquier, Roger Honorat, Philippe Dreux, Jean Gillibert, Michel Herubel, André Régnier, Arthur Le Bau, Marcel Darbaud, Paul-Robert Mimet, Gérard Zingg/ Fotografia: Lèonce-Henri Burel/ Edição: Germaine Artus/ Direção de Arte: Pierre Charbonnier/ Música: Francis Seyrig/ Figurinos: Lucilla Mussini/ Produção: Agnès Delahaie.
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição

13 dezembro 2005

Crítica do filme: Reencarnação


Esse filme do Diretor Jonathan Glazer carece de uma aura maior de misticísmo. Talvez seja por isso que esse filme tenha agradado a poucos que o classificaram como baixo ou pedófilo. O argumento do filme é sobre Anna (Nicole Kindman) que perde o seu marido e depois de 10 anos após o falecimento desse, tenta finalmente reestruturar sua vida casando-se de novo. No entanto surge na vida do casal um pequeno empecilho, um fedelho que afirma ser a reencarnação do marido da moça. Acontece que após a revelação do menino, contando fatos que somente o casal conhecia, lembrando a médium trambiqueira do filme Ghost, nada se encaixa em foco direito. O diretor quer criar um filme de arte sendo que não possui conteúdo suficiente para criá-lo visto que o roteiro não ajuda muito em sua empreitada. A fotografia do filme é bonita, estilo glacial, aproxima os personagens da tela e Nicole nunca esteve tão exótica com seus cabelos tingidos de negros e cortados. O filme é todo pontuado por uma trilha sonora clássica. E Nicole está muito sensual. No entanto, como é que ninguém pensou em dar uns cascudos no menino após algumas cenas. Por exemplo, numa sala particular tipo escritório, um dos personagens interroga o menino sobre coisas que somente o casal sabia e o menino vai respondendo ao interrogatorio (como um colegial prestando exame oral). Cameron Bright é um ator mirim bem limitado e sua interpretação é robótica e completamente regulada. Quando se pede para que ele fale sobre algo pessoal, o menino diz alguma coisa tipo: " esse sofá verde foi onde nós fizemos amor pela primeira vez". Como é que ninguém após essa revelação não pensou em dar uns beliscões no moleque e dizer para o fedelho ter mais respeito, ou que ele é muito pequeno para pensar ainda nessas coisas, ou pedir para mãe do guri dar algumas explicações sobre sexo a essa criança? Brincadeiras a parte, o certo é que até o seu final, o filme é solene e estranho. O que prende em parte o expectador é o segredo por trás do menino e se o personagem Anna de (Nicole) vai ficar com ele ou não. O Diretor optou por um final ambíguo e a cena em que Nicole está na praia de noiva com uma carta na mão não convence dramaticamente. O filme com um argumento pretenciosamente místico acaba se assumindo como um melodrama banal em sua finalização
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Ficha Técnica
Título Original: Birth/ Gênero: Drama/ Tempo de Duração: 100 minutos / Ano de Lançamento (EUA): 2004/Estúdio: Fine Line Features / Academy Productions / Lou Yi Inc./ Distribuição: Fine Line Features / PlayArte/ Direção: Jonathan Glazer/ Roteiro: Milo Addica, Jean-Claude Carrière e Jonathan Glazer/ Produção: Lizie Gower, Nick Morris, Jean-Louis Piel e Wang Wei /Música: Alexandre Desplat /Fotografia: Harris Savides /Desenho de Produção: Kevin Thompson /Direção de Arte: Jonathan Arkin /Figurino: John A. Dunn /Edição: Sam Sneade e Claus Wehlisch /Efeitos Especiais: Lip Sync Post / Com:Nicole Kidman(Anna)/ Cameron Bright (Sean / Garoto)/ Danny Huston (Joseph)/ Lauren Bacall(Eleanor)/ Arliss Howard (Bob)/ Anne Heche (Clara)/Peter Stormare (Clifford)/Ted Levine (Sr. Conte)/ Cara Seymour (Sra. Conte)/Alison Elliott (Laura)/Zoe Caldwell (Sra. Hill)/Milo Addica (Jimmy)/Novella Nelson (Lee)
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição

10 dezembro 2005

Crítica do filme: O mundo perdido (1925)


O filme narra a história de um grupo de exploradores ingleses que lideram uma expedição na Amazônia para investigar o desaparecimento de outros exploradores. Esse filme sobre dinossauros do período Jurássico na selva amazônica é "pré-histórico". Alguns efeitos dramáticos acabam soando como comédia, principalmente se levarmos em conta a interpretação da mocinha feita por Bessie Love, uma das musas do cinema mudo. Ela faz tantas caretas que é impossível conter o riso. O filme possui elementos interessantes sob o ponto de vista histórico, como por exemplo, os efeitos especiais bem realizados (para a época) todo feito em stop motion. Na fotografia do filme foi utilizado matizes em várias cores monocromáticos acentuando o clima de cada cena. Há também cenas interessantes como uma em duas montanhas fazendo os exploradores criarem uma passagem com um tronco de árvore ( a camêra está distante) e outra na ponte de londres onde um Dinossauro que havia sido levado para exposição à destrói. Esse filme Bizavô da série Jurassik Park de Steven Spilberg, no entanto, a pesar da narrativa fluente possui um argumento cheio de falhas e uma direção de arte totalmente equivocada. Numa cena, por exemplo, são mostrados ursos na selva amazônica e em outra um vulcão. Parece que na década de 20 pouco se conhecia sobre o Brasil e a região explorada no filme. A maguiagem e os figurinos dos atores, principalmente o ator que interpreta o Homem das cavernas é cômica. A trilha sonora clássica empregada é inadequada pois destrói o clima de algumas sequências. No entanto devemos levar em conta que se trata de um filme de aventura feito nos primórdios do cinema, anterior ao clássico King Kong, valendo como curiosidade. Após os 40 minutos de projeção o filme começa a apresentar até certo charme e nostalgia aos velhos filmes e séries de monstros japoneses. Para saber mais informações sobre esse filme em um artigo publicado por Orivaldo Leme Biagi, clique aqui.
Informações Técnicas:
Título: O Mundo Perdido (The Lost World - EUA - 1925)/ Mudo , preto e branco,/ Tempo de duração: 90 minutos/ intertítulos em inglês narrados em português. / Direção: Harry O. Hoyt/ Com: Wallace Beery, Lewis Stone, Lloyd Hughes. Supervisor / Criador de efeitos visuais: Willis O'Brien.
Por: Rony A. Fernandes da Conceição.

Crítica do filme: Irreversível


Você já andou de montanha Russa com a barriga cheia, pulou de Body Jump ou similares? É essa sensação nauseante que você terá ao assistir a maior parte desse filme indescritível. Um verdadeiro chute no estômago. No início os letreiros do filme ou os créditos dão inicio ao clímax entrando de tráz para frente para se entortar e fugirem da tela, dando a impressão de retrocesso e tempo. A partir daí o expectador pode travar o cinto de segurança na poltrona para não cair. O filme narra a história de uma belíssima mulher chamada Alex (Mônica Bellucci) que é estuprada num tunel. Seu marido (Vincent Cassel) inconformado, junto com o ex namorado da moça e amigo do casal, promete vingança. O filme é contado de trás para frente e a câmara do Diretor Gaspar Noe, na primeira parte da projeção é nervosa, com fotografia pesada e destorcida, com abuso do vermelho, lembrando o nervosismo dos personagens. São horas tensas e águas turvas e a trilha sonora angustiante, com sons arranhados vão pontuando as cenas. O objetivo do Diretor torna-se claro, pretende mostrar descontrole, agonia, raiva (e consegue).Quando chega finalmente a cena mais chocante do filme (a do estupro) que talvez figure entre as mais fortes e angustiantes da história do cinema, a camêra já não se move mais, tudo é demasiado forte e o objetivo é chocar, e é essa sensação que temos. Tipo, olhe e não feche os olhos, tá bem focado para você testemunhar. Não está apavorante? O estuprador vai falando para a personagem e sentimos a angústia e dor da mesma. O ápice do filme começa a chegar ao fim (a montanha russa finalmente fez suas decidas e seus loopings). Agora a câmera se torna mais estática pois está contando fatos "tranqüilos" do cotidiano de pessoas "comuns" antes dos acontecimentos trágicos, a tonalidade das cores também vão se amaciando em tons azulados ou pasteis. Sabemos previamente que todo o mal estar das cenas chocantes já sumiram e serenamente iremos saborear momentos bucólicos até o final ou o começo (o expectador suspira aliviado).No final o diretor tenta explicar a idéia do filme com sua ótica do mundo, filosoficamente no final os letreiros elucidam sua idéia com "...o tempo destrói tudo"! Uma completa enganação. Será que as imagens mostradas propuzeram chegar a essa simples reflexão?Já que os responsáveis por esse filme quiseram bancar pseudo-filósofos não seria melhor terem dito que o tempo modifica tudo, se levarmos em conta que nada se destrói mas tudo é transformado ou modificado? A pretensão de chegar a essa conclusão brilhante quase põe a idéia toda no buraco. Constituiu-se num erro lamentável. Alguns diálogos bem repetitivos, também foram mal escritos. Contudo se levarmos em conta que o objetivo principal do filme está no seu realismo frenético, talvez tenha-se optado pelos diálogos livres, quase improvisados. O filme é muito bom ou horrível ao extremo depende da resistência de quem for experimentar. Não é qualquer um que pode pular de body jump, e se por acaso 'entrou de gaiato', não repetirá a experiência apavorante de novo com certeza.Contra indicado para cardiácos, pessoas fracas ou conservadoras. É do tipo de filme que se ama ou se odeia mas que ninguém, com certeza, fica indiferente.
Ficha Técnica:
Título Original: Irreversible/ Gênero: Ação/Drama/ Tempo de Duração: 99 minutos/ Ano de Lançamento (França): 2002/ Estúdio: Studio Canal / 120 Films / Grandpierre / Eskwad / Rossignon / Les Cinémas de la Zone / Nord-Ouest Productions/ Distribuição: Lions Gate Films Inc./ Direção: Gaspar Noé/ Roteiro: Gaspar Noé/ Produção: Christophe Rossignon/ Música: Thomas Bangalter/ Fotografia: Benoît Debie e Gaspar Noé/ Desenho de Produção: Alain Juteau/ Figurino: Laure Culkovic/ Edição: Gaspar Noé / Com: Monica Bellucci (Alex); Vincent Cassel (Marcus); Albert Dupontel (Pierre); Philippe Nahon (Philippe); Jo Prestia (Le Tenia); Stéphane Drouot (Stéphane); Mourad Khima (Mourad); Jean-Luis Costes; Gaspar Noé
Por: Rony A. Fernandes Conceição

08 dezembro 2005

Crítica do filme: Kill Bill - volume 1


Este é o quarto filme de Quentin Tarantino como Diretor e talvez seja um dos mais divertidos dos últimos anos. O filme vibra em ação e comédia. Tarantino não deixa que os expectadores se sintam superiores a seus personagens, mantendo, assim, um equilíbrio de loucura, arte e diversão como poucas vezes visto em filmes de ação. A história do filme e centrada na história de uma noiva (Uma Thurman) que sofre uma tentativa de assassinato por seu companheiro, chefe de um grupo de assassinos, chamado Bill (David Carradine). Ela fica cinco anos em coma despertando, para se vingar de todos os companheiros que participaram do plano de executá-la. O filme tem um prólogo onde o filme é centrado (em preto e branco Thurman se encontra caída no chão ensagüentada pedindo clemência a seu marido, daí houvesse o tiro em sua cabeça). É só o início de uma mistura de filmes que tem por referência as películas antigas de Gangster, Faroeste e samurais. Tarantino possui um estilo único tanto relativo a forma quanto ao conteúdo dos temas expostos. Sua técnica reúne uma trilha sonora interessante de clássicos dos anos 60 , músicas japonesas e música de faroeste. Utiliza em sua fotografia, recursos como tela partida, câmera lenta, mescla de fotografias e animação entre outros. A sanguinolência do filme está mais no nível estético simbolista que propriamente no realismo. Existe metalinguagem nos baldes de sangue que são despejados para o deleite do telespectador. Mas em nenhum momento o filme se torna insuportável ou violento psicológicamente, se não, pelo conflito final travado entre a heroína e O-Ren Ishi (Lucy Liu). O elenco é fenomenal um verdadeiro deleite para os amantes de artes marciais e filmes de ação em geral. A coreografia das lutas são soberbas e o roteiro é um primor o que torna o filme altamente Recomendado.
Ficha Técnica
Título Original: Kill Bill: Vol. 1/ Gênero: Ação/ Tempo de Duração: 110 minutos/ Ano de Lançamento (EUA): 2003/ Estúdio: Miramax Films / A Band Apart / Super Cool ManChuDistribuição: Miramax Films / Buena Vista International / Lumière/ Direção:Quentin Tarantino/ Roteiro: Quentin Tarantino, baseado em personagem criada por Quentin Tarantino e Uma Thurman/ Produção: Lawrence Bender/ Música: Lily Chou Chou, RZA e D.A. Young/ Fotografia: Robert Richardson/ Desenho de Produção: Yohei Taneda e David Wasco/ Direção de Arte: Daniel Bradford/ Figurino: Kumiko Ogawa e Catherine Marie Thomas/ Edição: Sally Menke/ Efeitos Especiais: Centro Digital Pictures Ltd. / K.N.B. EFX Group Inc. / Elenco: Uma Thurman (Noiva); Lucy Liu (O-Ren Ishii); Vivica A. Fox (Vernita Green); Daryl Hannah (Elle Driver); David Carradine (Bill); Michael Madsen (Budd); Julie Dreyfus (Sofie Fatale); Chiaki Kuriyama (Go Go Yubari); Sonny Chiba (Hattori Hanzo); Chia Hui Liu (Johnny Mo); Michael Parks (Xerife Earl McGraw); Michael Bowen (Buck); Jun Kunimura (Chefe Tanaka); James Parks (Edgar McGrew); Sakichi Satô (Charlie Brown); Kenji Ohba (Assistente do sushi bar)
Por: Rony de A. Fernandes da Conceição

06 dezembro 2005

Crítica do filme: Corra, Lola, Corra


O Filme é um Looping de diversão. Pulsante como as batidas eletrônicas de Techno Pop. Franka Potente interpreta Lola, cujo namorado Manni (Moritz Bleibtreu) faz parte de uma quadrilha de contrabandistas e esquece uma sacola com 100.000 mil marcos no metrô. Ele tem que devolver à tempo o dinheiro ao seu chefe ou ter que confrontar a quadrilha. Desesperado telefona para Lola e essa tem apenas 20 minutos para conseguir a grana. O diretor Tom Tykwer oferece-nos um filme em rítmo de video clipe. O filme é contado em três versões e isso que o faz ser genuinamente original. Os expectadores quando vêem um filme não se perguntam por vezes porque as ações ocorreram de determinada maneira ou comentam que não gostaram do final de um filme dizendo que poderia ter acontecido de outro modo? A nossa própria vida não é cheia de surpresas e cada ação que é deixada no espaço revela um futuro diferente que não sabemos qual é? O filme não chega a ser místico, mas, apresenta nas suas 3 diferentes soluções o resultado de cada uma e a torcida pelos personagens centrais é que é a chave hipnótica e absorvente desse filme. Quando o filme recomeça e recomeça, sabemos que a personagem ganha nova oportunidade, como se renascesse de novo. A oportunidade que todos nós queremos as vezes para agir de um modo diferente e mudar nosso destino. A fotografia em cores contemporâneas e vibrantes do filme mantem o clima elétrico de cada cena, e quando Lola passa por cada personagem coadjuvante do filme nos é revelado em pequenos flashs o desenrolar do final desse personagem na trama. Todos são importantes para o filme e se interajem. Conta-se que a atriz Franka Potente ficou sem lavar o cabelo durante as filmagens para que o tom avermelhado do seu cabelo não desbotasse, Potente também é responsável pela composição de parte da música do filme. A película recebeu vários prêmios entre outros uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor filme estrangeiro, O prêmio de melhor filme Estrangeiro no Independence Spirit Awards e o de audiência no Sundance Film Festival. Pouco para esse filme simplesmente genial. Um verdadeiro Acossado, contemporâneo.
Ficha Técnica
Título Original: Lola Rennt/ Gênero: Ação/ Tempo de Duração: 81 minutos/ Ano de Lançamento (Alemanha): 1998/ Estúdio: X-Filme Creative Pool / Westdeutscher Rundfunk / German Independents / Arte / Bavaria FilmDistribuição: Sony Pictures Classics / Columbia TriStar/ FilmsDireção: Tom Tykwer/ Roteiro: Tom Tykwer/ Produção: Stefan Arndt/ Música: Reinhold Heil, Johnny Klimek, Franka Potente e Tom Tykwer/ Direção de Fotografia: Frank Griebe/ Desenho de Produção: Alexander Manasse/ Figurino: Monika Jacobs/ Edição: Mathilde Bonnefoy/ Efeitos Especiais: Berliner Spezialeffekte Atelier / Das Werk/ Com: Franka Potente (Lola); Moritz Bleibtreu (Manni); Herbert Knaup (Pai de Lola); Nina Petri (Jutta Hansen); Armin Rohde (Schuster); Joachim Król (Norbert von Au); Ludger Pistor (Meier); Julia Lindig (Doris)
Por: Rony De A. Fernandes da Conceição

03 dezembro 2005

Crítica do filme: A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)



O filme conta a história de cinco crianças "sortudas" que encontram um cupom dourado escondidas em cinco barras de chocolates que lhes dá direito a entrar na maior fábrica de doces do mundo. Essa refilmagem do clássico dos anos 70 conseguiu ser melhor que o original! Faço algumas ressalvas com relação a classificação etária do filme, a estrutura pode parecer infantil, mas não é com certeza. Há maldade embutida e explícita. A fotografia do filme recebe tonalidades neuróticas, ora frias, ora carregadas. A própria composição do personagem Willie Wonka recebeu um toque diferente de Johnny Deep. Ele deixou de lado a loucura suave da interpretação de Gene Wilder para a primeira versão, e tornou o personagem carregado de amargura, até um pouco vingativo e rancoroso com a humanidade. Parece detestar crianças, mas na verdade, existe pelo menos uma cena em que é revelado seu lado humano, quando Wonka repara o estado do pobre Charlie e lhe oferece uma concha de chocolate líquido para nutri-lo. É um ser trancado no mundo de chocolates e doces e suas lembranças passadas nos são descritas, sabemos porque o personagem é o que é. O Willie Wonka de Deep é afetado e irônico, de uma inteligência extraordinária. No seu olhar vemos desprezo, rancor, neuroses e maldade para com aqueles que ele julga merecedores. Deep assume certos manerismos que por vezes incomodam, mas o personagem está lá e continua na sua mente após a projeção, um verdadeiro toque desse bom ator. Todo o elenco está magnífico. O infantil por exemplo consegue o mesmo efeito, o personagem Charlie do ator mirim Freddie Highmore tirou um pouco da bondade charoposa que por vezes incomodava da interpretação de Peter Ostrum da primeira versão do filme, e sua interpretação se torna mais objetiva. Os demais personagens contam com pessoas extravagantes e bizarras, são seres que se assemelham a pessoas de cera e muitas vezes a identificação é inevitável. As vezes não se distingue o ator da computação gráfica, já que ambos vão se interagindo. O diretor Tim Burton enfatizou o olhar dos personagens de modo surrealista. Magnífico são os efeitos especiais. Surpreendente é a história com um roteiro para lá de enxuto. O diretor Tim Burton parece algumas vezes fazer piada em cima da outra versão do filme. Tipo: nessa parte tinha os lumpa-lumpas cantando não é? Então farei dessa maneira! E o resultado surpreende. Se bem que algumas pessoas questionaram sobre a falta da trilha sonora original, o que eu também acabei sentindo. No entanto, o modo por vezes debochado de contar a história, faz você refletir que na verdade isso pouco importa, afinal esse aqui não se trata de um musical! Ele não amaciou os acontecimentos do argumento mostrando uma fábula onde a moral da história é para lá de amarga e o filme se torna altamente recomendado.

Essa crítica sofreu pequenos acréscimos em cima da que foi publicada no site "ADORO CINEMA" Clique aqui e confira a original pela abreviação Rony Fernandes.



Ficha Técnica

Título Original: Charlie and the Chocolate Factory /Gênero: Fantasia/ Tempo de Duração: 106 minutos/ Ano de Lançamento (EUA): 2005/ Estúdio: Warner Bros. / Village Roadshow Pictures / The Zanuck Company / Plan B Entertainment/ Distribuição: Warner Bros. Direção: Tim Burton/Roteiro: John August, adaptado do livro de Roald Dahl/ Produção: Brad Grey e Richard D. Zanuck/ Música: Gardner DeAguiar, Jesse Shaternick, Manuel Ignacio, Danny Elfman e RaVani Flood/ Fotografia: Philippe Rousselot/ Desenho de Produção: Alex McDowell/ Direção de Arte: François Audouy, Sean Haworth, James Lewis, Andy Nicholson, Kevin Phipps, Stuart Rose e Leslie Tomkins/ Figurino: Gabriella Pescucci /Edição: Chris Lebenzon Efeitos Especiais: Digital Domain ; Framestore CFC ; Neal Scanlan Studio ; The Moving Picture Company ;Cinesite Ltd. Com: Johnny Deep, Freddie Highmore, David Kelly, Deep Roy, Helena Bonham Carter, Noah Taylor...

Por Rony de A. Fernandes da Conceição

01 dezembro 2005

Crítica do filme: O amigo oculto


O filme narra a história da pequena Emily, interpretada por Dakota Fanning. Essa perde a mãe (Amy Irving) supostamente por suicídio e vai viver após algum tempo com o pai um Psiquiatra representado por Robert de Niro, num lugar meio isolado. A princípio O amigo oculto faz lembrar bastante, o Iluminado, de Stanley Krubick, principalmente por sua abertura com o carro em viagem atravesando as montanhas. No entanto, no que o outro filme ganha impulso, talvez por causa do roteiro mais bem estruturado, em cima do livro de Stephen King, Hide and seek, peca pelo roteiro mergulhado em clichê. O que poderia fazê-lo tornar-se um bom filme, seria o suposto amigo oculto, e o filme prende o espectador somente pelo fato dele querer saber o que se esconde por tras da realidade desse amigo imaginário da menina. O mistério todo da película se concentra nessa possibilidade. Enquanto isso o tempo de projeção vai passando e as únicas coisas interessantes no filme são os desempenhos de Dakota e De Niro, nem mesmo De Niro está em sua melhor forma. Praticamente ele parece uma auto-caricatura de si mesmo quando fazia seus grandes papeis no cinema. Já Dakota Fanning cria com seu tipo sombrio uma boa gama de expressividade em cima de seu papel. Ainda há as intervensões monótonas de Famke Janssen e a deliciosamente bela Elisabeth Shue (que sempre é um colírio para os olhos). Há cenas interessantes de Dakota, quando ela por exemplo assiste passivamente o pai segurando o corpo da mãe na banheira, com seus olhos azuis penetrantes e a camêra vai aproximando do seu rosto em close (lembra o menino do Iluminado) e outra em que ela desce a escada com as roupas da mãe, fica mais madura e quando senta a mesa é difícil dizer que essa menina não viveu uma trajédia. Porém, o filme todo vai se realizando e quando nos é revelado o segredo parece que termina qualquer espectativa de algo mais.O que se mostra em toda a projeção fica parecendo monotonamente construído, como se o roteirista pegasse retalhos de outros filmes do gênero. O final fica tão mal elaborado, mas tão mal elaborado, que dá a impressão que todos os envolvidos com a história estavam com preguissa de pensarem num desenvolvimento mais inteligente ou plausível. Um argumento que parecia a princípio interessante torna-se uma decepção (puro clichê) e o que resta no final é apenas uma caixinha de música naufragada e um desenho pretenciosamente óbvio.
///////Essa crítica saiu no site "CINEMA EM CENA" Clique aqui e confira.///////

Ficha Técnica

Título Original: Hide and Seek/ Gênero: Suspense/ Tempo de Duração: 105 minutos /Ano de Lançamento (EUA): 2005 / Estúdio: 20th Century Fox Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation/ Direção: John Polson / Roteiro: Ari Schlossberg/ Produção: Barry Josephson / Música: John Ottman/ Fotografia: Dariusz Wolski/ Desenho de Produção: Steven J. Jordan / Direção de Arte: Emily Beck Figurino: Aude Bronson-HowardEdição: Jeffrey Ford/ Com: Robert de Niro; Dakota Fanning; Famke Janssen; Elizabeth Shue, Amy Irving

Por Rony de A. Fernandes da Conceição